Sua vida e morte

Uma breve história do Pregador Presbiteriano de Gales: Christopher Fales

I. Introdução

A era dos puritanos é repleta de diversas pessoas brilhantes que sofreram muito ou realizaram muito por causa de Cristo. Entre os chamados de gigantes puritanos, alguém sem dúvida encontrará nomes tais como: Jeremiah Burroughs, Richard Baxter, John Flavel, Richard Sibbes, Thomas Watson, Thomas Vincent e William Ames. Todavia, há um nome que freqüentemente está ausente dessa lista ou é pouco citado: Christopher Love.

Tiraram-lhe a vida quando ele tinha 33 anos e, talvez, essa seja uma razão de conhecermos pouco dele. A despeito de sua curta vida, as obras que escreveu sobrepassam a quantidade escrita por muitos outros teólogos puritanos cujos nomes são familiares para a maioria de nós. Pode ser o caso de que sua vida não tenha sido tão significativa na história como o foi sua morte.

O propósito deste artigo é dar uma olhada na vida e morte desse jovem puritano de quem J. I. Packer disse: “Christopher Love foi um jovem pregador galês e uma estrela em ascensão no mundo do ministério puritano”.

II. A Vida de Christopher Love

A. Os Primeiros Anos de Vida

O ano era 1618, e Christopher Love veio ao mundo em Cardiff, uma antiga cidade em Gales. Ele era o filho mais moço dos seus pais, mas era a criança da velhice deles e o portador do nome do pai. Pouco eles sabiam que sua vida duraria somente meros 33 anos e terminaria abruptamente no cadafalso de Tower Hill.

Seus pais não eram nem ricos, nem pobres e, mesmo assim, foram capazes de providenciar-lhe uma boa educação, embora nunca houvessem pretendido que ele entrasse para o ministério. Na infância, Love desenvolveu uma paixão por livros e por conhecimento, devotando “muito do tempo, tanto de noite como de dia, aos seus amados estudos”.

Antes dos quinze anos, Christopher Love nunca tinha ouvido um sermão. Um dia, pela novidade interessante que isso parecia ser, ele foi a um culto com outros para ver um homem no púlpito, William Erbery.

Todavia, por meio do sermão Deus deu a Love uma tamanha visão de sua pecaminosidade que ele foi para casa aquela noite em profunda tristeza e medo do inferno. Antes de chegar em casa, o Senhor tinha salvo Love mediante Seu amor. A mudança que se operou durante o caminho para casa foi tão visível que seu pai imediatamente a percebeu.

Vendo o filho em tal estado de melancolia, o sr. Love aconselhou-o a se unir a seus amigos num clube de homens para um jogo usual. Mas Christopher Love não participaria mais das veredas pecaminosas de outrora.

No dia seguinte Love pediu permissão ao pai para assistir a uma palestra à noite, na igreja. O pai recusou de maneira inflexível e trancou-o no cômodo superior da casa. Love fugiu pela janela por meio de uma corda improvisada e pegou o caminho para a igreja. Ele pensou que seria melhor desagradar seu pai terreno do que ofender seu novo Pai celestial. Tal coragem pela Palavra de Deus o levaria à sua morte dezoito anos mais tarde.

Love encontrou comunhão com o irmão Erbery e lhe derramou o coração. Muitos dos amigos com quem ele costumava desfrutar os vícios também vieram à fé em Cristo e agora freqüentemente ficavam juntos nas últimas horas da noite para orar e jejuar, separando duas noites por semana para seus exercícios devocionais. Antigamente chamado de apostador, ele era agora chamado de um “pequeno puritano”. Tudo isso trouxe muita tristeza a seu pai. Vendo o recente desprezo do pai pelo filho, Erbery pediu permissão parte ter o jovem Christopher Love vivendo com ele, para que ele pudesse instruí-lo mais e cuidar adequadamente dele. O sr. Love consentiu.

B. Seus Estudos e Início do Ministério

A vida com o irmão Erbery desenvolveu-se muito bem. Naquela época, ele conseguiu permissão para estudar em Oxford, a fim de se preparar para uma vida no ministério do evangelho de Jesus Cristo.

Seu pai consentiu, mas com muito desprazer. O único apoio que o pai lhe deu foi um cavalo sobre o qual ele podia cavalgar até Oxford.

Contudo, sua mãe secretamente lhe supria com algum dinheiro. Erbery também se esforçou para assistir o jovem. Ao chegar em Oxford, em 29 de julho de 16356, ele escolheu Christopher Rogers como tutor. Rogers tinha sido descrito a Love como o “arquipuritano”7, e essa foi a razão da escolha. Love se lançou completamente aos estudos, freqüentemente se privando de sono e recreação. Todavia, permaneceu, por algum tempo durante esse período em sua vida, uma tristeza pelos anos que havia gasto em pecado. Seu coração foi grandemente sobrecarregado, e, com poucos amigos a quem buscar a fim de encontrar conforto, ele aprendeu a se voltar para a graça de Deus. Graças a tudo isso Love desenvolveu um zelo pela Palavra e pela Igreja de Deus. Ele gastava horas na Igreja de São Pedro ouvindo sermões e muitas mais ainda pregando-os também, aprimorando seu dom.

Christopher Love saiu-se tão bem em seus estudos que Rogers, seu tutor, convidou-o para viver em sua própria casa. Em maio de 1639 Love se graduou com seu bacharelado e continuou para adquirir seu mestrado, mas foi expulso antes de alcançar esse nível. Sua expulsão foi devida à sua recusa em assinar os mandatos do Arcebispo Laud durante a convocação. Ele foi readmitido mais tarde em 1645 e recebeu o título de mestre em 1645. Love foi o primeiro a recusar assinar os novos cânones de Laud.

Durante o tempo de sua expulsão, Love foi convidado para a casa do xerife Warner para servir como um capelão doméstico. O amor da família por ele tornou-se profundo e ele foi usado por Deus para trazer vários membros dela à fé em Cristo. Foi nessa casa que Love encontrou sua amada Mary Stone, a enfermeira do xerife. Seis anos mais tarde (9 de abril de 1645) eles se casaram. Love foi também convidado a ocupar a posição de professor acadêmico na Saint Anne’s, mas o bispo de Londres se opôs veementemente, pois ele não era ordenado, de forma que durante três anos “foi-lhe recusada sua concessão”. Recusando ser ordenado pela Igreja Anglicana, ele viajou para a Escócia a fim de buscar o rito de ordenação dos presbiterianos.

Desafortunadamente, os escoceses tinham determinado não ordenar ninguém ao ministério, a menos que a pessoa permanecesse no norte para realizar a obra do Senhor. Love fez grandes propostas para ser aceito entre eles, mas voltou para casa desapontado.

Ao retornar, foi convidado ao púlpito em Newcastle, em um domingo. Em seu sermão ele atacou o Livro da Oração Comum e as cerimônias da Igreja da Inglaterra. Por causa disso, ele foi preso com ladrões e assassinos. Enquanto encarcerado, muitas pessoas se reuniram para vê-lo, mas não lhes foi permitir visitá-lo; portanto, ele começou a pregar às multidões de fora através das barras do portão da prisão. Após algum tempo no cárcere, foi levado para Londres, julgado e absolvido de todas as acusações.

Algum tempo depois, Love foi acusado de traição e rebelião por pregar que uma guerra defensiva era justificável. Novamente ele foi considerado inocente. Pouco depois desse incidente, ele foi feito o capelão da guarnição militar de Windsor, que estava sob o comando do coronel John Veen. Ele foi grandemente amado por aqueles a quem ministrou, mesmo pelos que discordavam dele sobre os assuntos da igreja. Enquanto ministrava nesse posto, uma praga fulminou a cidade e o castelo. Embora muitos tenham morrido ao seu redor, Love corajosamente continuou ministrando. Apesar de se expor às infecções e à morte, o Senhor o preservou.

C. Sua Ordenação e Posterior Ministério

Naquela época, os presbiterianos chegaram ao poder. Isso deu a Love oportunidade para a ordenação que ele tinha tão intensamente desejado. “Na instigação de Edmund Calamy”, Christopher Love foi ordenado em 23 de janeiro de 1644, na Igreja Aldermanbury pelos senhores Horton, Bellers e Roberts. Durante o exame de ordenação foi-lhe perguntado se ele poderia sofrer pelas verdades de Cristo. Ele respondeu: “Eu tremo ao pensar sobre o que devo fazer em tal caso, especialmente quando considero como muitos se vangloriaram de que poderiam sofrer por Cristo, e, todavia, quando o momento chegou, negaram a Cristo e a Suas verdades em lugar de sofrer por eles.

Portanto, não ouso me vangloriar do que farei, mas, se este poder me for dado por Deus, então, eu não somente estarei disposto a ser preso, como também a morrer por causa do Senhor Jesus”. O reverendo Christopher Love cumpriria essas palavras em Tower Hill.

Durante os próximos poucos anos, Love pregou com severidade contra o episcopado e o Livro de Oração Comum, aos quais ele se referia.

Graças a Calamy, temos muitas obras de Love impressas após sua morte.

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