Salvação Total

Muitas pessoas dizem que o quinto capítu­lo de Mateus se refere à época do Apocalipse, e que, por isso, elas não podem colocá-lo em prática hoje em dia. Por conseguinte, elas evi­tam este capítulo sem investigá-lo com cuida­do. Porém, para o adulto espiritual, encontra-se algo de celestial na verdade dessa passa­gem. Os cristãos maduros podem chegar ao nível de não ter comunhão com as trevas e de não serem conhecidos pelo mundo.

Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus. Bem-aventurado os que choram, porque eles serão conso­lados. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos. (Mt 5.3-6 – RC)

Após eu ter sido batizado com o Espírito Santo, vi, distintamente, que Deus havia per­mitido que eu comesse do fruto da Arvore da Vida, da qual Adão e Eva não foram ca­pazes de comer. Vi que, quando o Espírito Santo passou a habitar em mim, Ele me re­velou maravilhosamente Cristo para que eu fosse alimentado por Sua presença, fortale­cido e repleto de grande alegria. Louvado seja Seu nome! Sei que o batismo com o Espírito Santo leva-nos a tomarmos posse de toda a plenitude divina. As pessoas cantam com freqüência: “Ó, haverá glória para mim quando, pela Sua graça, eu contemplar Sua face”. Porém, vi que Deus modificou essa canção para que eu cantasse:

O, existe glória para mim agora, Existe glória para mim agora, Pois, pela Sua graça, Eu contemplo Sua face. Existe glória para mim agora.

Deixe-me entrar nesse maravilhoso capí­tulo que recebemos de Deus. Começarei pelo terceiro versículo, que diz: “Bem-aventura­dos os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus” (Mt 5.3). As pessoas que entenderam essa idéia e se identificaram com o Senhor Jesus Cristo alcançaram um nível no qual vêem, agora, que todas as coisas são possíveis com Deus. Chegamos ao nível de recebermos abastecimento divino ilimitado e, em nossa pobreza de espírito, somos desig­nados a receber tudo o que Deus possui, “por­que deles é o Reino dos céus”. Apesar de minha mansidão, humildade e desamparo, tudo o que Deus possui me pertence.

Quando Jesus chegou a Sicar, uma cidade samaritana, “cansado da viagem” (Jo 4.6), sentou-se junto à fonte. Seus discípulos não es­tavam com Ele, pois haviam ido à cidade para comprar alimentos (v. 8). Quando retomaram, viram Jesus em paz; Ele não procurava comi­da, mas estava bastante relaxado. Uma vez que Jesus não se interessou em comer os ali­mentos que os discípulos haviam trazido, “di­ziam, então, os discípulos uns aos outros: Ter-Ihe-ia, porventura, alguém trazido o que co­mer?” (v. 33). Isso nos mostra a possibilidade de um homem viver em Deus e ser absorvi­do por Deus sem ter consciência do mundo em quaisquer circunstâncias, exceto se lhe levamos ajuda. Disse-lhes Jesus: “a minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (v. 35). Esta é a Sua comida: a vida espiritual em Deus, a qual é alegria no Espírito Santo.

Ele vem para deleitar nossa alma, romper todo laço de mera afeição humana e substi­tuir, dentro de nós, o terreno pelo divino, o impuro pelo puro, os sentimentos humanos pelos olhos de fé que enxergam Deus. O di­vino Filho de Deus deve estar em nós, mo­vendo-se poderosamente por nosso intermé­dio quando deixamos de existir. Nada da na­tureza humana nos ajuda, mas somente a po­breza de espírito expressa nessa beatitude.

Devemos viver em uma atmosfera pura para que Deus brilhe em nós e através de nossas almas. Ah.., a salvação total (Hb 7.25)! Estou satisfeito pelo fato de que, quando conhecermos o Filho de Deus, nunca mais seremos fracos. A maré vai mudar. Obser­vemos o próximo versículo de Mateus 5: “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados” (v. 4).

Será que Jesus se referia a chorar pela morte? Não. Ele se referia a chorar pelos nossos filhos e filhas que ainda não deram atenção às coisas celestiais; que nada sabem sobre as coisas do Espírito de Vida. Quan­do Deus colocar, dentro de nós, um choro que faça mover Seus poderes, Ele enviará um reavivamento para toda a casa.

É impossível obter esse choro espiritual pelas almas perdidas sem ter o próximo ele­mento que Deus menciona: “eles [e você] serão consolados”. Ainda que Deus pudesse dar-lhe um espírito de choro por uma alma necessitada, não lhe daria a vitória! Temos uma parte a fazer. Amados, este é o poder podero­so de Deus dentro de nós. Quando o Espíri­to nos conduzir a esta atitude de choro e lamentação pelas almas perdidas e por todos os fracassos que vemos nos cristãos professos, nada acontecerá se não entrarmos na presen­ça de Deus com este espírito de choro. Po­rém, quando isso ocorrer, regozije-se; Deus o ajudará a obter êxito.

Deus almeja que nos regozijemos hoje. Ele nos fez chegar a este nível abençoado para podermos chorar e ter alegria. Prossigamos com o capítulo, pois muita coisa de­pende deste versículo: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” (v. 5).

Você diz: “Não me fale em mansidão, pois nunca conseguirei ser manso”. Considere o caso de Moisés. Ele certamente não foi manso ao matar o egípcio, mas quando Deus o segu­rou com as mãos na terra de Midiã, Ele o mo­delou para que se tornasse o homem mais man­so da terra. Não me importa qual seja seu tem­peramento. Se você receber tão-somente um toque do céu, Deus pode moldá-lo para que você consiga ser a pessoa mais mansa da terra.

Eu costumava ter um mau gênio que me fazia tremer e me deixava furioso com seu poder maligno. Vi que este temperamento tinha de ser destruído; não poderia ser re­mediado. Um dia, o poder de Deus foi derramado sobre mim. Cheguei ao culto e me prostrei diante do Senhor. As pessoas co­meçaram a perguntar: “Que pecado Wigglesworth cometeu?” Isso continuou durante duas semanas. Toda vez que eu me colocava no altar, Deus costumava passar por mim com tamanha manifestação do meu desamparo, que eu me prostrava diante dEle e pranteava. Então, o pregador ou o líder tinha seu coração quebrantado e vinha ao meu lado. Deus começou um reavivamento dessa maneira. Deus havia quebrantado meu coração, e o reavivamento teve início atra­vés do reavivamento que o Senhor realizou em mim. Ah… Foi tremendo! Pelo menos, minha esposa dizia: “Desde que meu mari­do recebeu aquele toque, nunca fui capaz de cozinhar nada que não lhe agradasse. A comida nunca está fria ou quente demais”.

Somente Deus pode endireitar as pesso­as. Apenas o ouro fundido é usado para cu­nhar moedas. Apenas o barro umedecido aceita o molde. Apenas a cera macia recebe o selo. Apenas os corações quebrantados e contritos recebem o sinal quando o oleiro nos gira em seu disco. Ó, Senhor, dá-nos aquele estado de graça, no qual somos fei­tos perfeita e inteiramente mansos.

Que capítulo maravilhoso! As Beatitudes do Espírito são verdadeiramente tremen­das. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos” (Mt 5.6). Ó, sim! Louvado seja o Senhor! Devemos enfatizar o fato de que Deus não fracassará para saciar-nos. Nenhum homem pode “ter fome e sede de justiça” a menos que Deus coloque este desejo dentro dele. Quero que vocês percebam que essa justi­ça é a justiça de Jesus.

Em l João 5.4,5, encontramos estes versículos: “E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus Cris­to o Filho de Deus?” A justiça é mais do que pagar nossas contas. Escutamos alguém dizer: “Ah! eu nunca cometo nenhuma in­justiça contra ninguém. Sempre pago minhas contas”. Isso é simplesmente viver na car­ne, mas existe uma “lei do Espírito da Vida, em Cristo Jesus” (Rm 8.2) mais elevada. Devo enxergar que Jesus é minha justiça perfeita; Ele veio pelo poder de Deus.

Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus en­viando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado. (Rm 8.3)

Devemos ver que, se alcançamos a justi­ça de Deus, o pecado é destruído. Há lindas palavras no nono versículo do primeiro ca­pítulo de Hebreus: “Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo da alegria como a ne­nhum dos teus companheiros”.

Contudo, o clímax das tochas divinas do céu nunca deixa que você fique imóvel, mas aumenta a sua fome e sede de coisas maio­res. Alguma coisa interna faz com que você continue a caminhar até que seja esvaziado de tudo o mais e possa ser cheio do que Deus está colocando em seu interior. Essa justiça é um andar com Deus; uma herança divina; ver a face de Jesus até você não con­seguir satisfazer-se sem beber do Seu Espí­rito e ser inundado continuamente com as Suas bênçãos. Não consigo satisfazer-me sem a justiça de Cristo. Ele nos dá sede pela imensidão do poder de Deus. Trata-se de um problema divino solucionado tão-somente de uma única maneira: tendo Deus. E, quan­do O temos, temos todas as coisas.

Oro para que Deus traga a vocês a morte do “eu” e uma vida de justiça, o que agrada­rá ao Seu Espírito. Logo, entendemos, de alguma forma, o que Deus tem para nós no próximo versículo de Mateus 5: “Bem-aven­turados os misericordiosos, porque eles al­cançarão misericórdia” (v. 7 – RC).

Creio que se trate de uma condição espi­ritual, o que é mais elevado do que a lei natural. Às vezes, quando falamos a respei­to da misericórdia, pensamos em ser gentis, amáveis ou filantrópicos para com os ou­tros. Achamos que essas são posições res­peitadas. Nunca entenderemos o significado da misericórdia de Jesus até que Ele nos en­cha de Si. Meu Senhor amado! Será que pode haver alguém como Ele? Vocês conseguem imaginar tal raridade, tal beleza, tal sacrifí­cio? “Bem-aventurados os misericordiosos.” Devemos ter as riquezas do céu para dar às almas pobres. É impossível você ser cheio do Senhor e não ser misericordioso. É im­possível você ser batizado com poder e não ter essa misericórdia sobrenatural, esse to­que divino do céu que detém as forças satâ­nicas, liberta o oprimido e fortalece o de­samparado, ou seja, o espírito que Deus quer-nos dar. Ah… A fim de que o céu se encurve sobre nós com seu choro interior profundo por um toque feito por Ele, pela Sua majes­tade, Sua glória, Sua força, Seu poder!

É extraordinário o fato de o misericordi­oso sempre alcançar misericórdia. Olhe para a medida de sua vida espiritual: primeiro, recalcada, depois, sacudida e, então, transbordante (Lc 6.38). Esse toque divino do céu é tremendo; é a coisa mais fascinante da ter­ra, mais doce do que tudo. Estou transbor­dando com o novo vinho essa manhã. Deus quer que você tenha este novo vinho; ele emociona o coração humano e, poderosa­mente, leva-o ao céu!

Pergunto a todos vocês, almas necessita­das, o que vocês querem para “se achegarem, confiadamente, junto ao trono da graça” (Hb 4.16). Venham, e o Senhor os abençoará.

Fonte: O Segredo do Poder de Smith Wigglesworth – Danprewan Ed.

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