Procuram-Se Sacerdotes!

UM PROPÓSITO ETERNO

“E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era este sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14.18).

“Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo… (sendo primeiramente, por interpretação do seu nome, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias, nem fim de vida, mas feito semelhante ao Filho de Deus), permanece sacerdote para sempre”(Hb 7.1-3).

Quem era este homem? Não sabemos. Aqui temos apenas um fato revelado: ele era rei e sacerdote. Sua pessoa e seu ministério revelam o verdadeiro propósito de Deus para o homem. Bem no início de todo o desenrolar do plano de Deus em relação ao homem, no tempo de Abraão, aparece esta figura enigmática e misteriosa para revelar a posição à qual Deus deseja levar todo homem redimido.

Deus revelou este propósito de maneira mais clara à nação de Israel. Depois de tirar um povo da escravidão do Egito com sinais e prodígios, ele lhe manifestou o que ele desejava realizar no meio dele. No monte Sinai, ao estabelecer com Israel sua aliança, ele diz: “E vós me sereis um reino de sacerdotes, e um povo santo”(Êx 19.6).

É verdade que Israel como nação nunca entrou no cumprimento deste plano divino.

Deus queria que o povo de Israel como um todo chegasse à sua presença, e se tornasse um reino de sacerdotes. Porém, durante toda a sua história, os israelitas fizeram o contrário.

Correram de Deus, da sua presença e dos seus propósitos.

No entanto, Deus não se esqueceu do seu plano. Quando Jesus apareceu, introduzindo uma nova era no plano de Deus, ele diz: “O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho” (Mc1.15). Em outro lugar: “Não temas, ó pequeno rebanho! porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino” (Lc 12.32).

Três vezes no Novo Testamento, o mesmo chamamento que os filhos de Israel receberam no monte Sinai é dado aos participantes da nova aliança.

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa”(1 Pe 2.9).

“Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos fez reino, sacerdotes para Deus, seu Pai” (Ap 1.5,6).

“E com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação; e para o nosso Deus os fizeste reino e sacerdotes” (Ap 5.9,10).

Que significa este propósito de Deus? Será que nós sabemos para quê o Senhor tem nos chamado? Será que o plano de Deus em nossas vidas está se cumprindo? Como ser parte deste reino de sacerdotes?

O nosso problema é que quando ouvimos de reis e sacerdotes, nós ignoramos o sacerdócio, e pensamos só no rei. É muito fácil pensar no que é um rei. Além disto o homem já possui um desejo inato de governar. Toda a história humana mostra a luta entre os homens para alcançar a posição de predomínio sobre os demais. Mesmo a história do povo de Deus mostra claramente como é central a questão de quem vai governar, e de que maneira.

O REINO DO HOMEM VÉRSUS O REINO DE DEUS

Deus criou o homem para governar (Gn 1.26). Através de dominar sobre tudo que Deus criou, o homem teria uma parte nos propósitos divinos. Deus estava compartilhando sua autoridade com o homem, para poder manter comunhão com ele. Foi por isto que Deus criou o homem. Ele queria ter comunhão com alguém.

Contudo, o desejo do homem carnal e caído, de dominar, é o que mais frustra e impede a realização dos propósitos de Deus. Ao invés de governar debaixo de Deus, para fazer a sua vontade e participar do seu plano para esta terra, o homem quer dominar a fim de ser independente, dono de si próprio, exercendo sua própria autoridade para fazer sua própria vontade.

Sim, o homem quer se tornar um rei. É a sua maior ambição. Ele deseja se exaltar.

Ele procura ordenar os seus próprios caminhos. Ele não quer se sujeitar a ninguém. Seu ego cobiça poder, autonomia, liberdade de ação.

É claro que isto não faz parte do plano de Deus. Isto não traz o reino de Deus. Isto não leva o homem a satisfazer o desejo de Deus de manter comunhão e relacionamento íntimo com ele. Muito pelo contrário. O desejo do homem de governar representa uma oposição, uma rebeldia, ao reino de Deus. É um conflito entre o reino de Deus e o reino do homem. Este conflito tem persistido durante toda a história do homem. Deus está procurando estabelecer o seu reino entre um grupo de homens, a fim de vencer e suplantar os reinos humanos. O homem, por outro lado, procura ampliar e fortalecer o seu reino, para tornar-se independente de Deus. É portanto, este desejo de reinar e de ser uma autoridade para si próprio, que ainda impede o estabelecimento do reino de Deus na terra, e o triunfo dos seus propósitos, que esperamos para o final deste século.

Isto não refere apenas à história dos ímpios. É verdade igualmente do coração do homem em todas as épocas da história do povo de Deus. É este desejo carnal e rebelde de governar independentemente de Deus, que impede a implantação do reino de Deus no meio do próprio povo de Deus.

Israel mostra isto claramente na sua história. Chamados como nação para ser sacerdotes e reis diante de Deus, chegaram ao ponto de pedir a Deus um rei (1 Sm 8.5).

Deus disse que a nação o havia rejeitado como seu rei verdadeiro. Eles não entenderam o propósito de Deus, de fazer deles um reino de sacerdotes. Eles queriam ser como as outras nações, cada qual com seu rei.

Em que implicava esta decisão? Implicava na formação de um reino humano, independente do controle de Deus. O rei teria liberdade, independência e poder para dominar. Ao invés de sempre consultar a Deus, o rei tomaria, ele mesmo, as decisões. Por outro lado, o povo estava se livrando da sua responsabilidade de descobrir a vontade de Deus, e andar nos seus caminhos. O rei se responsabilizaria por todas as suas ações. O povo poderia descansar em passividade enquanto o rei se deleitava no seu poder.

Mas o plano de Deus não era este. Como seu coração sofria por causa de um povo que nunca entendeu seu desejo de fazer deles um reino de sacerdotes! E agora, na nova aliança de Jesus Cristo, encontramos uma situação quase idêntica. Ainda somos chamados a um reino sacerdotal, ao reino de Deus. No entanto, a grande maioria dos cristãos continua perdendo por completo o sentido deste reino.

Quando se fala no reino de Deus hoje, podemos esperar uma de duas reações. Uma classe de cristãos tem uma reação de alívio. Um dia todos os problemas serão resolvidos.

Da noite para o dia, de um instante para outro, toda esta situação impossível, todas estas falhas invencíveis, e todos os males incuráveis, serão transformados no reino de Deus.

Cristo reinará com seu povo e todas as dificuldades desaparecerão. É uma atitude passiva.

Para estes, o reino de Deus não traz nenhum desafio, nenhuma aplicação para o presente.

Já para outros, o reino de Deus produz uma outra reação. Dentro dos corações destes, há um desejo secreto de dominar. Portanto, aguardam ansiosamente o dia da volta de Jesus, quando eles poderão realizar a ambição de reinar com ele. Esta atitude é mais ativa. Para estes o reino de Deus representa uma oportunidade de governar, e de alcançar uma posição exaltada.

O que é que estamos perdendo? O que está faltando ao nosso conceito de propósito de Deus? Realmente Cristo há de estabelecer o seu reino. Realmente todos os problemas desaparecerão, e nós reinaremos com ele. Mas algo está muito errado. Pois o fim da época se aproxima, Cristo está para voltar – e onde está o reino de Deus? Como ele vai reinar numa situação como esta? Como podemos esperar que tudo se transforme, de um instante para outro, como por uma vara mágica? Se nós fomos chamados a reinar, por que não vemos ninguém ainda qualificado a tomar esta posição com Cristo? Tão longe de poder governar sobre os outros, nós não podemos ainda nos governar a nós próprios! Ainda somos carnais, como os filhos de Israel. Formamos reinos humanos. Procuramos nos exaltar. Fugimos dos caminhos de Deus para seguir os nossos. Nem entendemos o que é o reino de Deus.

Qual a resposta a esta situação? Como podemos participar do propósito verdadeiro de Deus? Como será realizada toda sua vontade entre nós? Voltemos a Melquisedeque.

REI E SACERDOTE

A Bíblia diz que Melquisedeque era um rei e um sacerdote. Este fato é a chave para entender o significado espiritual do ministério dele. Para entender esta chave, é preciso examinar as implicações de um mesmo homem ocupar os dois ofícios de sacerdócio e realeza.

Desde o início da formação de sociedades humanas, os cargos mais importantes e autoritários pertenciam ao rei e ao sacerdote. O rei representava poder temporal, o braço forte que ameaçava toda insubordinação à sua autoridade. O sacerdote tinha um controle mais sutil sobre os homens – através dos seus espíritos. Ele sempre personificava um ser superior, de que era representante. As pessoas lhe obedeciam por causa do poder sobrenatural que ele possuía ou representava em virtude da sua posição. A classe dos sacerdotes, em todas as civilizações primitivas, junto com a linha real, era a classe mais privilegiada e poderosa da sociedade.

Deus queria um reino de sacerdotes. No entanto, desde o início dos seus tratamentos com a nação de Israel, ele separou definitivamente os dois ofícios de rei e sacerdote. A descendência real viria da tribo de Judá. O sacerdócio pertencia exclusivamente a Levi.

Deus sabia que a lei não traria perfeição. Ele sabia que a natureza caída, perversa e ambiciosa do homem não seria transformada através da velha aliança. Por isto ele não poderia confiar nas mãos de um só homem estes dois cargos poderosos. Neste caso um homem rebelde e desobediente a Deus poderia vir a exercer um controle absoluto sobre o povo de Deus – tendo tanto a autoridade de um rei quanto a de um sacerdote. Ele poderia controlar tanto os corpos como os espíritos dos homens. E esta é justamente a ambição de qualquer governo totalitário, como Roma no tempo do império, e inúmeros outros na história do homem. O rei se torna também o sacerdote, ou talvez, o próprio deus, e assim controla de forma absoluta, todos aqueles que lhe são sujeitos.

Portanto, na velha aliança o rei não podia ser sacerdote. Saul perdeu o seu reino, porque desobedeceu esta ordem de Deus. Não esperando Samuel, ele ofereceu sacrifícios como sacerdote, e perdeu o reino (1 Sm 13.11-14). Mais tarde, o rei de Judá, Uzias, foi ferido de lepra pelo Senhor, por exercer o ministério de sacerdote (2 Cr 26.16-21).

Esta separação entre sacerdócio e realeza veio em virtude da natureza carnal e da dureza de coração do homem. Mas não era plano de Deus que continuasse assim. Ele nunca se desviou do seu plano original de formar para si um reino de sacerdotes.

A nação de Israel havia perdido por completo a compreensão do intento do coração de Deus, revelado no monte Sinai. Eles procuravam um reino. Queriam um rei. E a mesma situação prevalece hoje entre nós. Falamos do reino de Deus, e sonhamos com tronos e domínio nas nossas mãos. Mas enquanto tivermos esta visão, o propósito verdadeiro de Deus nunca se realizará. Pois Deus não está à procura de reis, e sim de um reino de sacerdotes!

SACERDOTE SEGUNDO A ORDEM DE MELQUISEDEQUE

Precisamos examinar esta verdade mais de perto. O que é que Deus está buscando neste reino de sacerdotes? Qual a diferença entre um rei humano, e um participante do sacerdócio real?

Jesus é o padrão. Ele veio cumprir o propósito simbolizado por Melquisedeque. De fato, ele foi um sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque.

Salmo 110 mostra este fato. “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés. O Senhor enviará de Sião o cetro do teu poder. Domina no meio dos teus inimigos” (v. 1,2). Isto é Jesus como Rei. Ele veio à terra estabelecer um reino e dominar sobre os inimigos de Deus. Mas não só isto. “Jurou o Senhor, e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”(v.4).

Jesus demonstrou isto quando ministrou na última ceia. Ele ofereceu aos seus discípulos pão e vinho. Eram justamente estes elementos que Melquisedeque veio trazendo a Abraão em Gênesis 14. Com este ato Jesus estava dizendo que ele era um sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. Na verdade, Jesus era rei e sacerdote.

Cristo veio estabelecer o seu reino na terra. Ele veio se tornar rei. Mas nós precisamos de uma revelação de como este reino foi estabelecido. Este não é um reino natural, nem foi estabelecido de acordo com os métodos humanos. Pois Cristo não veio como rei. Ele veio como sacerdote.

O reino de Cristo é estabelecido através do sacerdócio. Não através do sacerdócio levítico, imperfeito e limitado, incapaz de formar o reino de sacerdotes que Deus procurava.

O reino de Cristo é estabelecido através do sacerdócio de Melquisedeque.

Que é um sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque? É um sacerdote que é ao mesmo tempo um rei. Às vezes pensamos que são duas coisas diferentes. E como somos carnais, pensamos mais em sermos reis. Mas não é assim. É um único chamamento. É um reino de sacerdotes. Através de entrar no sacerdócio, seremos reis.

Cristo foi um sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. Esta é a posição também que Deus deseja para todo homem, e para toda mulher, que for lavado pelo sangue de Jesus, participante da nova aliança. É o propósito eterno de Deus para o homem.

Como o povo de Deus tem perdido o verdadeiro chamamento divino? Nós ficamos envolvidos com a expectativa e a glória de sermos reis. Mas o chamamento é para sermos sacerdotes. Nunca seremos reis, nem entenderemos o que é um rei  no plano de Deus, se em primeiro lugar não entrarmos no sacerdócio. É o sacerdócio que é a porta ao reino.

É impossível mostrar toda a importância disto. É algo que o próprio Espírito anseia revelar. Será que Cristo voltará sem que seu povo entenda e entre nos seus propósitos?

Será que o reino de sacerdotes nunca se formará? Será que nunca deixaremos de nos preocupar com nossa glória e exaltação, para experimentar a realidade do chamamento que Deus tem para nós? É um chamamento a todos os cristãos, de todas as épocas e origens – e especialmente para nós hoje. Onde estão os sacerdotes do Senhor? Quem entrará na sua presença, para ministrar diante dele como sacerdote? Quem ouvirá e entenderá a sua voz chamando? Quem se disporá a deixar glória, egoísmo, vontade própria de dominar, para ser um sacerdote do Senhor?

Mas alguém poderá perguntar: O que é um sacerdote? Como posso ser um sacerdote? A resposta não é simplesmente em termos daquilo que o sacerdote faz, senão em entender o que ele é. Um sacerdote é uma pessoa que ocupa uma posição diante de Deus. É alguém que goza uma comunhão muito íntima com Deus. Pois, afinal, foi por isto que Deus criou o homem, para que ele pudesse ter comunhão com ele. Até hoje Deus está procurando seus adoradores, aqueles que entrarão no seu santuário para manter comunhão íntima com ele, e ministrar diante dele.

Um sacerdote é também uma pessoa que ministra ao povo a favor de Deus. Ele leva a presença de Deus ao povo. E leva o povo à presença de Deus. Ele leva a responsabilidade e culpa do povo diante de Deus. Ele é um ministro e representante de Deus.

Cristo é o modelo perfeito. Paulo expressou o espírito de Jesus no sacerdócio, quando citou o salmo que diz: “Pelo que entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste,… Então eu disse: Eis-me aqui … para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb 10.5,7).

Jesus não era um sacerdote que cumpria uma obrigação religiosa de oferecer um sacrifício periodicamente a Deus. Ele era o sacrifício. Ele se ofereceu a Deus para fazer constantemente a sua vontade. Ele vivia com um só propósito: de olhar para o Pai e fazer o que ele fazia, carregar o peso que ele sentia, transmitir a palavra que ele falava.

Em Filipenses 2.6-8, Paulo diz que Jesus, “subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo… tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz”.

Jesus não veio com o espírito de dominar, de se exaltar, ou de se tornar um grande rei com autoridade natural. Ele veio ser um servo. Ele veio em submissão à vontade de Deus. A preocupação dele foi, em primeiro lugar, de estar constantemente na presença de Deus, ministrando a ele. Este foi o seu espírito.

DOIS MINISTÉRIOS SUPERIORES

Qual a lição prática para nós em tudo isto? Como os propósitos de Deus para nossa época, e para o estabelecimento do seu reino, serão cumpridos? Como o sacerdócio de Melquisedeque poderá se tornar uma realidade para nós?

Nós temos ouvido muito nestes dias sobre a restauração da igreja. Temos falado sobre Efésios 4.11 onde Paulo diz que Cristo deu ministérios para o aperfeiçoamento da igreja: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Como isto se relaciona com aquilo que temos falado aqui? Qual a relação entre estes cinco ministérios, e os ministérios revelados por Melquisedeque de rei e sacerdote?

Para entender a resposta a esta pergunta, precisamos lembrar-nos da simbologia do tabernáculo de Moisés. Havia neste tabernáculo três partes: o átrio exterior, o santuário, e o santo dos santos. O átrio era o lugar onde o povo chegava com seus sacrifícios. O santuário era reservado para os sacerdotes, onde eles entravam todos os dias. Porém, somente o sumo sacerdote entrava no santo dos santos, uma vez no ano. Este era o lugar reservado para o encontro com Deus. Era o lugar da sua santa presença.

O átrio corresponde ao nível do nosso corpo. É onde somos redimidos pelo sangue de Cristo, e iniciamos nosso caminhar nos propósitos de Deus. O santuário corresponde ao nível da nossa alma. É onde atuam os cinco ministérios de Efésios 4.11. Mas o santo dos santos corresponde ao nível do nosso espírito.É onde se encontram os ministérios de rei e sacerdote.

Existem muitos ministérios citados no Novo Testamento – talvez mais de vinte. Mas todos estes ministérios de edificação do corpo de Cristo têm sua atuação no nível da alma.

Existem dois ministérios mais altos. Eles estão além do segundo véu, no santo dos santos, no nível do espírito, na presença real e temível do próprio Deus.

Voltando ao nosso tema do propósito eterno de Deus, podemos afirmar que o santo dos santos representa o alvo ou objetivo de Deus para seu povo. Seu plano é levar o seu povo, desde o átrio exterior do tabernáculo, até o santo dos santos – onde ele está. Dentro do santo dos santos, ministrando diante dele como sacerdotes, Deus terá um povo que será o reino de sacerdotes!

Isto nunca foi alcançado na velha aliança. Uma coisa, porém, é certa: os propósitos de Deus para seu povo nesta terra nunca serão completos, enquanto não entrarmos no santo dos santos como reis e sacerdotes.

Hebreus 9.8 diz que antes de Cristo, o caminho para dentro do santo dos santos não era ainda descoberto. Já no cap. 10.19-21, diz que podemos ter ousadia para entrar no santo dos santos através do sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho. Este é o propósito completo da redenção de Cristo: introduzir-nos no santo dos santos, na presença de Deus.

Você não terá atingido o plano de Deus para sua vida, irmão, enquanto você não estiver sentado no trono, no santo dos santos, com o Senhor. Os crentes não serão aperfeiçoados, nem o corpo de Cristo chegará à maturidade, enquanto ficarmos aquém do segundo véu. O propósito de Deus é que sejamos reis e sacerdotes, ministrando diante dele, no santo dos santos. É para lá que caminhamos. Lá é o nosso destino. É lá que se encontra escondido o segredo da maturidade para os cristãos.

É maravilhoso e estimulante pensar sobre outros ministérios. É tremendo pensar sobre o ministério apostólico, o ministério profético e todos os demais. Ficamos comovidos, imaginando toda a bênção que resultará da operação destes ministérios no meio do povo de Deus.

Mas há um ministério mais alto, mais santo e mais sagrado. É o ministério da maior santidade, honra e sublimidade que existe. É o ministério de rei e sacerdote. É o nível do próprio trono de Deus, o nível mais alto do universo.

Você quer saber por que não existem os outros ministérios em operação ainda? Você se admira de não estarem em verdadeira operação os apóstolos e profetas do Senhor? Por que ainda temos movimentos, homens que ministram  em imperfeição? Por que ainda sentimos a carência daquela palavra do Senhor  que edificará a sua igreja?

A resposta é simples. Não há reis e sacerdotes. O propósito de Deus está sendo frustrado. Ninguém está ministrando diante dele no santo dos santos. Conseqüentemente ele não está em nosso meio. Ele está longe de nós.

Jesus nos mostrou isto através da sua vida. Ele manifestou o que Deus realmente queria do seu povo. Não reis e mestres exaltados, mas servos humildes. Sacerdotes ministrando diante da sua presença.

Mas, apesar de tudo que Deus tem feito no meio do seu povo até hoje, ainda não encontramos este espírito de maneira geral na igreja. Deus tem derramado seu Espírito em grande poder, bênção, e restauração de dons. Mas o que fazemos com isto? Usamos o Espírito como instrumento carnal. Procuramos nos exaltar, ser mais espirituais que os demais, exercer influência sobre os outros – enfim, ser reis carnais.

Deus tem aberto a sua palavra, e revelado muitas verdades sobre a restauração da sua igreja, e sobre a realização do seu plano maravilhoso reservado para os nossos dias.

Mas tão logo que se fala em restauração da igreja, todos começam a falar de apóstolos e profetas. Inevitavelmente é o assunto que mais nos desperta e estimula. Por que isto? Porque nossa natureza carnal percebe mais uma chance de reinar, de dominar, de poder ser maior que os outros. Temos já muitos “apóstolos” no mundo espiritual. Será por que a igreja ainda continua assim como está? Por que o reino de Deus não é formado? Por que a presença de Deus não está em nosso meio?

Estamos buscando um alvo errado. Deus não está tão interessado em títulos e ambições próprias. Aliás, é o que mais impede a sua igreja de ser aperfeiçoada. Ele está à procura de outro espírito. Ele busca os sacerdotes. Onde estão aqueles cuja ambição maior é entrar no interior do seu santuário, para conhecê-lo melhor, e para ministrar a ele? Onde estão aqueles cuja vida inteira é uma posição de comunhão com Deus, e de compartilhar os seus pensamentos, seus planos e seu peso?

O ministério de rei e sacerdote não virá depois dos outros ministérios de edificação do corpo de Cristo. Pelo contrário. Os ministérios de Efésios 4.11 somente entrarão em pleno funcionamento depois que os reis e sacerdotes tomarem suas posições no santo dos santos.

Como a mulher de Ap 12.1,2 gemia com dores de parto para dar à luz, o povo do Senhor hoje, como reino de sacerdotes, precisa entrar no santo dos santos para sofrer dores de parto. O ministério de sacerdote inclui estas dores intensas na presença de Deus.

Moisés passou por isto, vez após vez, na presença de Deus, a favor do povo de Israel. Josué introduziu Israel na terra prometida, mas não fossem as dores de parto sofridas por Moisés durante quarenta anos no deserto, eles nunca teriam chegado até lá. Jesus passou noites em agonia, orando diante de Deus. No fim ele pôde dizer que guardou aqueles que Deus lhe deu (Jo 17.11,12). Paulo também carregava dor intensa e constante diante de Deus, por todas as igrejas do Senhor (2 Co 11.28: Gl 4.19).

O ministério do rei e sacerdote no santo dos santos será assim também. Não somente será responsável pelo levantamento dos verdadeiros apóstolos e profetas do Senhor, como será a fonte constante da vida e unção para seus ministérios.

Sejamos bem claros. Nunca veremos os verdadeiros ministérios em operação, para edificação e amadurecimento do corpo de Cristo, enquanto não houver reis e sacerdotes ministrando diante do Senhor no santo dos santos. É lá que encontramos a sua presença e a sua palavra. É de lá que ele enviará a sua palavra para levantamento dos demais ministérios e a edificação do seu corpo.

Nem todos podem ser apóstolos. Nem todos podem ser profetas (1 Co 12.29,30). As mulheres nem são chamadas a estes ministérios. Existem muitas restrições em relação aos ministérios do santuário.

Mas quando você atravessar o segundo véu, tudo isto desaparece. No santo dos santos, no nível do espírito, não existe sexo, nem restrição. Todo crente é chamado para ser rei e sacerdote. Todo crente tem direito de reinar como rei, e ministrar como sacerdote. De maneira que, se você não puder ser um apóstolo, contente-se em ser um rei!

Não é mais tempo de lançar, vez após vez, os mesmos alicerces (Hb 6.1-3). Não continuemos na nossa vida cristã, sempre da mesma maneira. Prossigamos para a perfeição. Para onde vai nos levar o caminho da santidade, perfeição e maturidade? Para o santo dos santos. É lá que encontraremos nosso lugar. Somos chamados ao ministério de sacerdote! É necessário que isto se cumpra em nossas vidas!

Você está percebendo o chamamento de Deus? Você pode sentir o quanto o coração de Deus está pesado? Os dias passam, o fim se aproxima – e seu povo continua indiferente àquilo que está mais próximo ao seu coração. Oh, que nós pudéssemos perceber o que Deus realmente espera de nós! Que nós deixássemos de correr atrás de dons e ministérios a fim de adquirir o poder e autoridade de um rei! Que nós sentíssemos a atração do chamamento verdadeiro de Deus, de sermos sacerdotes para sempre na sua presença!

COMO REINAR?

Temos procurado responder uma pergunta prática e essencial em tudo isto. É muito profundo pensar sobre nosso chamamento de rei e sacerdote. Ficamos tão “espirituais” ao estudar o tabernáculo de Moisés, e saber que precisamos entrar no santo dos santos. Mas se não soubermos passar isto da teoria para a prática, será apenas mais uma palavra que ouvimos.

Como posso ser um rei e sacerdote? Qual o caminho  prático ao trono? Por onde devo começar?

A Palavra diz que somos um reino de sacerdotes. Podemos ilustrar com o exemplo de uma sociedade de poetas. Se você quiser pertencer à sociedade, evidentemente você terá que ser um poeta. Ou seja uma raça de gigantes. Fazer parte da raça significa ser um gigante. É muito simples. E é exatamente a mesma coisa em relação ao reino de sacerdotes. Se quiser entrar no reino, o que você precisa ser? Um sacerdote! Este é o segredo. É um reino composto de sacerdotes. Não existe outra maneira de ser membro do reino, sem se tornar um sacerdote.

Por que a maioria dos cristãos hoje não reina? Simplesmente porque não ministra como sacerdote! A chave para entrar no reino é ministrar como um sacerdote. Se você não aprender o ministério de sacerdote, você não tem o direito de reinar. Deus é muito sábio. Ele não vai permitir que um crente entusiástico, leviano e egocêntrico chegue ao trono! O universo estaria em anarquia dentro de cinco minutos!

Mas se você passar pelo caminho por onde o Cordeiro passou, descendo à morte, e sendo ressuscitado novamente pelo poder sobrenatural de Deus; e se você tiver aprendido o ministério sacerdotal, Deus então poderá confiar o trono às suas mãos.

É a mensagem do Espírito Santo para a igreja do Senhor nestes dias. Os propósitos de Deus para sua igreja nos últimos dias somente se cumprirão  quando seu povo estiver reinando. E nunca chegaremos  a reinar até que aprendamos o ministério sacerdotal.

Um rei tem função de governar. Mas o que faz o sacerdote? A resposta está em 1 Pedro 2.5: oferecer sacrifícios espirituais. Não somos mais encarregados de oferecer bois, carneiros, farinha e azeite como os sacerdotes do Velho Testamento. Agora devemos oferecer sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo.

E quais são os sacrifícios espirituais oferecidos a Deus pelo sacerdócio santo? São vários. Porém, existe uma palavra que inclui no seu sentido todos os sacrifícios oferecidos a Deus. Esta palavra é “oração”. Compreende adoração, louvor, petição e intercessão.

Quantos cristãos estão ativamente funcionando como sacerdotes? Quantos cristãos sabem ministrar como sacerdotes, oferecendo diariamente sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus?

Muito poucos. Conseqüentemente poucos estão reinando. E Deus não possui ainda seu reino de sacerdotes.

REQUISITOS DA ORAÇÃO

A maioria dos cristãos nem começou a compreender a verdadeira natureza da oração. Isto porque um dos princípios fundamentais da oração é que sem o Espírito Santo não existe oração alguma aceitável a Deus, ou que produza resultados. É impossível orar eficazmente sem o Espírito Santo.

“Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera” (Ef 3.20). Este versículo expressa a medida da capacidade de Deus em oração. Imagine o máximo que você poderia pedir de Deus. Aqui diz que ele pode fazer além disto. E não somente além, mas abundantemente além. E não somente abundantemente além, mas muito mais abundantemente além! E neste ponto não esgotamos o poder de Deus, mas apenas o poder das palavras. Pois não existem palavras para exprimir o que a oração pode realizar.

Mas existe uma limitação no final do versículo. Ele diz “segundo o poder que em nós opera”. As respostas e resultados da nossa oração estão em proporção direta ao poder que opera em nós, quando oramos. Qual poder é este? O Espírito Santo. É somente na medida em que o Espírito Santo opera na sua oração, que ela será aceitável diante de Deus, e eficaz nos seus resultados.

Sua oração será eficaz na medida em que o Espírito opera nela. Conseqüentemente, quem tem grande poder em oração é quem sabe permitir a operação do Espírito quando ora.

É o grande requisito para obter resultados na oração. Você já deve ter experiência suficiente para saber que uma grande quantidade de palavras em oração pode não produzir resultado algum, se estiverem destituídas do Espírito.

“E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos” (Ro 8.26,27).

O Espírito ajuda na nossa fraqueza. Todos nós temos duas fraquezas, não físicas, mas espirituais. Em primeiro lugar não sabemos para que devemos orar. Em segundo lugar não sabemos como orar. Todo cristão honesto há de reconhecer na sua própria vida estas duas fraquezas. Muitas vezes sabemos que devemos orar, mas não sabemos para quê. Outras vezes sabemos para que orar, mas não sabemos como.

Temos fraquezas. Qual é o remédio? O Espírito vem na nossa fraqueza. Quando não sabemos para que orar, e nem como, ele vem. E o que ele faz? Ora através de nós. Ele nos dá a oração inspirada por Deus, cheia de poder do Espírito, que se torna eficaz. Muitas vezes nosso entendimento nem chega a saber o que estamos orando. Ele nos dá uma oração numa língua estranha, fazendo nossa mente descansar, enquanto o espírito ora a Deus.

Salmo 81.10 diz: “Abre bem a tua boca, e eu a encherei”.É isto que fazemos na oração. O Espírito vem e usa nossa boca conforme ele deseja. É claro que podemos usar esta escritura de maneira errada. É preciso ser sensível ao Espírito, em contato com Deus.

Então a oração se torna uma experiência de fé. Você abre  sua boca, e deixa o Espírito enchê-la com a oração que ele deseja. Pois esta é a única oração que vale a pena fazer. É a única oração que Deus quer responder.

ADORAÇÃO

Seria impossível tentar ensinar através de teoria o ministério sacerdotal do cristão.

Quero entretanto, dar-lhe um desejo de descobrir este caminho, você mesmo, na prática da sua própria vida. Quero que você reconheça onde está  seu destino, no seu caminhar com Deus, e qual o seu alvo. É no santo dos santos, no trono com Cristo, onde a única luz é a glória da presença pessoal de Deus! E para chegar lá, você precisa aprender o ministério sacerdotal. Aprender como? Na escola do Espírito Santo, da Palavra de Deus, da sua experiência com Deus, e da comunhão com outros santos.

Existem vários sacrifícios espirituais como já mostramos. Neste estudo iremos examinar resumidamente sete formas básicas de oração. São elas: adoração, louvor, ações de graças, petição, súplica, intercessão e ordenação.

A forma básica e primária de oração é a adoração. É possível verificar isto tanto no Velho Testamento quanto no Novo. As palavras traduzidas como adoração na Bíblia sempre descrevem uma atitude. Esta atitude é demonstrada através de curvar a cabeça, todo o corpo, ou prostrar o corpo no chão. A palavra adoração sempre traz uma destas três atitudes no seu significado.

Qual seria então a distinção entre adoração e louvor? Adoração é uma atitude. Louvor é uma declaração. Na adoração demonstramos uma atitude. No louvor expressamo-nos através de palavras.

A primeira coisa exigida de nós ao entrar na presença de Deus, não é uma expressão oral, mas uma demonstração de atitude.Tudo depende da nossa atitude.Você não se aproxima de Deus, se você não chegar com cabeça curvada, em submissão e reverência diante do Todo-poderoso.

“O qual (Jesus), nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia”(Hb 5.7).

Este versículo descreve a vida de oração de Jesus quando estava na terra. Onde você ouve hoje orações desta natureza: grande clamor e lágrimas? A Bíblia diz que no Getsêmane, Jesus se prostrou em terra (Mc 14.35). Isto é adoração. A Palavra diz que Jesus foi ouvido por causa do seu temor. Há uma tradução que diz que ele foi ouvido por causa da sua submissão reverente. Qual foi sua atitude?  Adoração. Se Jesus precisou chegar ao Pai com atitude de submissão reverente, você não acha que nós também precisamos?

E depois, que foi que ele falou ao Pai? “Não seja o que eu quero, mas o que tu queres” (Mc 14.36). Estas palavras expressaram sua submissão.

A oração não é um método de obrigar Deus a realizar aquilo que você deseja! Nem tampouco é um método de obrigar  os outros a fazer o que você quer. A oração que se transforma num instrumento de controle de Deus ou dos outros, não é espiritual, e sim, da alma. Aliás, é muito perigosa. Ninguém tem sequer o direito de iniciar uma oração se não tiver submetido sua vontade própria. Somente assim, podemos nos aproximar de Deus.

No capítulo 9 do evangelho de João, o homem que nasceu cego, e sabia quase nada de religião, chegou a falar algo muito profundo: “Se alguém for temente a Deus (no original, `reverente a Deus’ ou `adorador de Deus’), e fizer a sua vontade, a esse ele ouve” (v.31).

Adore a Deus. Aproxime-se dele com submissão reverente. Faça a sua vontade. Tema a ele. E ele ouvirá as suas orações.

Como foi que Jesus nos ensinou a orar? “Pai Nosso” – não meu Pai, mas nosso Pai. Você é parte de uma família. “Santificado seja o teu nome.” Curve-se em reverência.

Que vem depois? “Venha o teu reino.” Senhor, não opere a minha vontade, porém a tua. Tua vontade seja feita na terra, em mim, como é feita no céu. Não se cumpram os meus propósitos, antes seja realizado o teu querer.

Quando você tiver passado por estas fases preparatórias, de verdade, então, só então, é que você poderá fazer uma petição. Toda verdadeira oração inicia-se com adoração, com atitude de reverência e submissão.

Talvez a transição de adoração a louvor pode ser observada melhor em Isaías 6.1,2. Temos aqui uma revelação de uma cena no céu.

“No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo. Os serafins estavam acima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam.”

Serafins na presença de Deus. Criaturas chamejantes e abrasadoras ministrando diante de Deus. Fazendo o quê? Observe bem. Com duas asas cobriam os rostos. O que simboliza isto? Adoração. Com outras duas cobriam os pés. Também é adoração, reverência. Com as outras duas voavam. Isto é serviço, obras.

Aí está a proporção correta. Quatro asas para adoração e duas para serviço.

Adoração é muito mais importante que o serviço. A única obra que será aceita por Deus é aquela que flui da adoração. A adoração gera a ação que será agradável a Deus.

Depois de cobrirem os rostos e os pés em adoração, os serafins entram em louvor: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (v.3). Primeiro vem a atitude, depois a expressão oral.

Muitas vezes nós procuramos aprender regras sobre como obter respostas às nossas orações. Tratamos Deus como se fosse um distribuidor automático. Se você tiver a moeda certa, e colocá-la no lugar certo, você receberá a mercadoria que você queria. Mas Deus não é uma máquina. Você tem de se aproximar dele como a uma pessoa. Ele exige que você venha a ele com adoração.

Como foi que Deus falou aos sacerdotes religiosos do tempo de Malaquias? Eles traziam sacrifícios e ofertas a Deus conforme a lei. Mas não eram aceitos.

Ele disse: – Estou aborrecido com as suas ofertas. Não as quero mais. Um filho honra seu pai, e um servo teme ao seu senhor. Se eu sou Pai, onde está a minha honra? Se eu sou Senhor, onde está meu temor? (ver Ml 1.6-8).

Que são honra e temor combinados? Reverência. Adoração. Deus está dizendo que toda sua religião é sem valor, quando não há reverência. Sem adoração não se pode chegar à sua presença.

LOUVAR

Através de duas passagens paralelas, podemos aprender algo sobre o poder e a importância do louvor.

Salmo 8.2 diz: “Da boca das crianças e dos que mamam tu suscitaste força, por causa dos teus adversários, para fazeres calar o inimigo e vingador.”

Quem é o inimigo? Satanás. Deus tem produzido algo nas bocas dos pequeninos que vai calar o próprio Satanás. Aqui diz que ele suscitou força das bocas das crianças.

Em Mateus 21.16, Jesus cita esta mesma passagem, com uma pequena diferença. “Sim, nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?”

Qual a força ordenada por Deus para calar o inimigo? Louvor perfeito. A força na boca dos pequeninos é o louvor. Quando o povo de Deus lhe oferece louvor, a boca do diabo é fechada.

Você sabia disto? É justamente por causa deste fato que você tem tantos impedimentos e restrições na sua mente sobre o louvor! Porque se você realmente se desprender em louvor, o diabo terá que se calar.

Numa reunião onde o povo de Deus está em louvor unido e perseverante as pessoas com espírito maligno terão que sair. Ou saem com seus demônios, ou os demônios saem sozinhos! O diabo não tolera aquele louvor prolongado em voz alta. O louvor é a força que temos para tapar a boca do adversário e vingador.

Salmo 22.3 diz: “Tu és santo, o que habitas entre os louvores de Israel.” O louvor não só fecha a boca do inimigo. Ele também nos introduz à presença de Deus. Deus habita entre os nossos louvores. Através do louvor, Deus pode vir, estar entre nós, e falar a nós.

É uma das coisas que Deus tem restaurado, até certo ponto, entre o seu povo nos últimos tempos. Em muitos lugares, através do mundo todo, Deus tem sido entronizado, como nunca antes, através de um louvor uníssono e elevado. Muitos cristãos têm descoberto uma nova dimensão no seu relacionamento com o Senhor através deste louvor – um cântico novo, em conjunto, para engrandecer a Deus.

E quando um povo entra assim nos altos louvores de Deus, e se perde completamente em contemplar e exaltar ao Senhor, o resultado é que ele alcança um novo nível profético. Os dons do Espírito aparecem com mais freqüência, e com mais pureza.

Deus tem liberdade de aparecer e se manifestar no meio de um povo que o sabe louvar.

No Velho Testamento o louvor era relacionado à profecia. Em 1 Sm 10.5 havia um grupo de profetas com saltérios, tambores, flautas e harpas. Através do louvor, eles profetizavam. Davi, um homem que aprendeu novas coisas sobre o Senhor, as quais nem Moisés havia descoberto, instituiu companhias de levitas para louvar constantemente diante da arca, e da presença de Deus. 1 Crônicas 25.1-5 mostra como os cantores e músicos que ministravam diante de Deus profetizavam com suas harpas. Enquanto louvavam e exaltavam ao Senhor, profetizavam. O louvor abre nossos olhos, permitindo-nos ver coisas no Espírito. É uma escada que nos permite subir ao nível onde Deus está.

O louvor também é um instrumento de guerra. Através do louvor nos tornamos vencedores. Em 2 Crônicas 20, quando o rei Josafá enfrentou um enorme exército do inimigo, ele foi orientado por Deus a colocar cantores para louvar ao Senhor, à frente dos armados. Não foi preciso que os israelitas levantassem a espada. O inimigo matou a si próprio.

O Salmo 149.6 diz: “Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, e na sua mão espada de dois gumes.” As duas coisas vão juntas. Os altos louvores de Deus são a nossa espada. Enquanto louvamos, Deus está operando em nosso favor.

Apocalipse 19 mostra a consumação deste século com a vitória de Cristo, aquele que está sentado no cavalo branco, sobre a besta e seus seguidores. Mas, antes que isto acontecesse, vemos outra coisa. Uma voz de grande multidão que diz: “Aleluia!” Quatro vezes eles exaltam ao Senhor, e rendem-lhe louvor dizendo “Aleluia” (vv. 1,3,4,6). Outra vez vemos este princípio. Quando nós louvamos ao Senhor, seu exército triunfa.

Você está precisando de vitória? Louve ao Senhor!

AÇÕES DE GRAÇAS

Quando você começa a orar, dê graças primeiro pelas orações já respondidas. Isto aumenta a sua fé para a próxima petição que você vai fazer. Além disto, Deus exige ações de graças.

“Entrai pelas suas portas com ações de graças, e em seus átrios com louvor; dai-lhe graças e bendizei o seu nome. Porque o Senhor é bom; e a sua benignidade dura para sempre, e a sua fidelidade de geração em geração” (Sl 100.4,5).

Existem três razões aqui para dar graças a Deus. Em primeiro lugar, porque o Senhor é bom . Em segundo lugar, porque a sua benignidade ou misericórdia dura para sempre. Em terceiro lugar, porque a sua fidelidade, ou verdade, é de geração em geração.

Estas três coisas nunca sofrem alteração alguma. Não mudam de acordo com a situação. Nunca pode existir algo na sua experiência que invalide qualquer uma destas verdades. Portanto, sempre há motivo para dar graças a Deus. Não depende daquilo que você sente. Depende apenas da natureza imutável de Deus. Ele é bom! A sua misericórdia dura para sempre! A sua verdade é para todas as gerações! Dê graças!

O louvor está relacionado a Deus, à sua pessoa, e à sua natureza. Louvamos a Deus por causa daquilo que ele é. Ações de graças são resultado da sua bênção sobre nossas vidas. Damos graças pelo que ele faz.

Mas isto não quer dizer que damos graças somente quando achamos uma bênção na nossa vida. “Em tudo dai graças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Ts 5.18). “Sempre dando graças por tudo a Deus, o Pai, em nome do nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 5.20).

Mas como dar graças a Deus em tudo? Dar graças a Deus pelas coisas desagradáveis? Dar graças a Deus pelas lutas? Esta é a vontade de Deus para conosco.

Pois na verdade, ele está controlando nossa vida. Ele sabe daquilo que  precisamos. Tudo o

que ele faz, ou permite acontecer em nossa vida, é para nosso bem. Por isto, ao darmos graças, estamos reconhecendo este fato. Estamos demonstrando confiança em Deus.

Mesmo sem entender por que algumas coisas acontecem, sabemos que Deus as permitiu para nosso bem. E damos graças a ele por sua sabedoria em nos enviar aquilo de que precisamos.

PETIÇÃO

Agora todos se interessam! Como posso conseguir aquilo que eu mesmo quero!

Bem, na realidade, o que você quer talvez não seja o que você precisa. De fato, do que você mais necessita, pode ser uma mudança total de atitude, coração e mente, para que você tenha direito de fazer petições a Deus!

É possível apresentar petições a Deus que seriam seriamente prejudiciais a você mesmo e aos outros, caso Deus as respondesse. Geralmente isto é porque você não passou pelos três primeiros passos antes de fazer suas petições.

Outra coisa importante sobre petições é que elas não precisam ser feitas com muitas palavras. Estude as petições da Bíblia. São todas curtas e muito simples.

Veja como exemplo a petição de Números 12.13. Miriã, irmã de Moisés, fora ferida de lepra. Ela merecia isto porque havia falado contra seu irmão. Porém, Moisés orou para sua cura de uma maneira muito simples. Hoje, se pensássemos em orar por algum leproso, faríamos uma oração de dez minutos, no mínimo. Mas Moisés falou apenas: “Ó Deus, rogo-te que a cures”. Só isto. E Deus, no seu tempo, a curou.

Não é necessário agonizar-se em petições. Existe uma agonia em oração, mas não em petições. Diga simplesmente: “Dê-nos o nosso pão hoje, Senhor. Muito obrigado!”

Existem algumas condições básicas para que Deus atenda às suas petições. Uma, que já mencionamos, é que você se aproxime dele através do caminho de adoração, louvor e ações de graças. Além disto, a Palavra nos ensina três requisitos que você deve conhecer, ao apresentar as suas petições.

A primeira condição é aproximar-se de Deus, sem pecado. 1 João 1.3-10 mostra que é essencial andar na luz, com os pecados cobertos pelo sangue de Jesus, se desejarmos ter comunhão com Deus. E se não estamos em comunhão com Deus, como iremos pedir-lhe alguma coisa?

Porém, se quisermos que nossos pecados sejam perdoados, precisamos perdoar aos nossos irmãos. “Quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que também vosso Pai que está no céu, vos perdoe as vossas ofensas” (Mc 11.25; ver também Mt 5.23,24; 6.12).

A segunda condição é que oremos segundo a vontade de Deus. “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1 Jo 5.14). Não estamos pedindo para nossa vantagem ou para nosso lucro; estamos orando de acordo com os propósitos de Deus – tendo uma parte na realização da sua vontade.

Quando Jesus ensinou aos seus discípulos como orar, no Pai Nosso, ele mostrou a necessidade de pedir conforme a vontade de Deus. “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10). Somente com este espírito de submissão, buscando a vontade de Deus em primeiro lugar, é que podemos estar certos de que ele nos ouve. Jesus mostrou este espírito, na sua própria vida, em Getsêmani, quando pediu que o Pai passasse dele o cálice: “Todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26.39).

A terceira condição é que façamos as petições com fé. “Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis” (Mc 11.24).”Peça-a, porém, com fé, não duvidando; pois aquele que duvida é semelhante à onda do mar, que é sublevada e agitada pelo vento” (Tg 1.6).

Se você perdoar aos seus irmãos, andando na luz com Deus, você terá comunhão com ele. Se você tiver comunhão com Deus, você fará as suas petições de acordo com a sua vontade. E se você orar segundo a vontade de Deus, terá fé, sabendo que ele responderá!

SÚPLICA

Uma súplica é um pedido intenso.Às vezes nós nos encontramos em situações extremas e perigosas, onde uma petição não é suficiente. É hora de suplicar, orar com toda a intensidade e fervor da nossa alma.

“Mas se tu com empenho buscares a Deus, e ao Todo-poderoso fizeres a tua súplica” (Jó 8.5). Suplicar é buscar a Deus com empenho, talvez com jejum. Jó estava numa situação onde ele precisava suplicar.

“Com a minha voz clamo ao Senhor; com a minha voz ao Senhor suplico. Derramo perante ele a minha queixa; diante dele exponho a minha tribulação” (Sl 142.1,2). Nós suplicamos quando estamos desesperados. Não é uma oração calma, para lembrar ao Senhor nossas necessidades. É um clamor, acompanhado, muitas vezes, de choro. Hb 5.7 diz que o próprio Jesus, em Getsêmani, suplicou com clamor e lágrimas. É insistir com Deus, incomodá-lo, até que ele venha nos livrar.

Outro exemplo de súplica é a luta de Jacó com o anjo no vau de Jaboque. Referindo-se a esta luta, diz em Oséias 12.4 que Jacó “lutou com o anjo e prevaleceu; chorou e lhe fez súplicas”. Jacó queria algo de Deus com muita persistência. Ele perseverou na luta até conseguir. Esta é a súplica.

Não é somente a favor de si próprio que você deve suplicar. Paulo diz em Efésios 6.18: “Com toda a oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e, para o mesmo fim, vigiando com toda a perseverança e súplica, por todos os santos.”

Vigiar em oração. Perseverar em oração. Orar a todo tempo no Espírito. Lutar com Deus até vencer. Clamar por libertação, sua e de todos os santos. Esta é a súplica.

Daniel, o profeta, suplicou ao Senhor (Dn 9.1-23). Com oração e súplicas, jejum, pano de saco e cinzas, ele buscou ao Senhor a favor da nação de Israel. Ele rogou a Deus, insistiu com Deus, para que sua palavra se cumprisse, restaurando o povo à sua própria terra. Se você quiser saber como é feita a súplica, leia este capítulo.

INTERCESSÃO

Estamos chegando ao clímax do ministério de oração. Intercessão é uma das formas mais elevadas e importantes da oração. É o ministério sacerdotal aperfeiçoado.

Interceder significa “vir entre duas pessoas”. É tomar uma posição espiritual entre Deus e o alvo da sua ira justa. É ficar em oração entre Deus e a pessoa a quem ele pretende julgar.

Você diz a Deus: “Se tu fores ferir aquela pessoa, será preciso ferir a mim primeiro”.

Quando você alcançar este relacionamento com Deus, será porque você tem amadurecido!

O capítulo 22 de Ezequiel descreve o fracasso total de todos os setores da nação de Israel: profetas, sacerdotes, príncipes e povo. Não houve um que não fosse culpado diante de Deus. Todos se desviaram completamente. Falharam nas suas responsabilidades.

E Deus diz no versículo 30: “E busquei dentre eles um homem que levantasse o muro, e se pusesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse, porém a ninguém achei”.

Isto é intercessão – colocar-se na brecha diante de Deus, em favor da terra. Proteger o povo sobre o qual o juízo e a ira de Deus estão prestes a cair.

Deus estava procurando um intercessor, alguém que viesse entre o povo e a sua ira, para que ele pudesse poupá-lo. Porém não achou nenhum. E o próximo versículo diz: “Por isso eu derramei sobre eles a minha indignação; com o fogo do meu furor os consumi”. Um só homem poderia ter mudado isto.

Em Isaías 59.16, diz que o Senhor maravilhou-se de não encontrar um intercessor.

Ele precisa de alguém para impedir a sua ira justa. A Bíblia diz que a misericórdia triunfa sobre o juízo (Tg 2.13). Deus procura ansiosamente alguém que fique entre ele e o alvo da sua ira, para que a misericórdia possa triunfar.

Quase todos concordariam que as três personagens mais destacadas da Bíblia são Moisés, Jesus e Paulo. Todos os três eram intercessores. São modelos do ministério que Deus tem para seu reino de sacerdotes. Pois é a intercessão que demonstra com mais clareza o propósito de Deus em nos chamar ao sacerdócio.

Salmo 106 conta todas as rebeldias e desobediências de Israel no deserto. Chegou ao ponto de Deus dizer que desejava acabar com a nação de uma vez. Ele ofereceu fazer uma nova nação de Moisés.

Mas em versículo 23: “Pelo que os teria destruído, como dissera, se Moisés, seu escolhido, não se tivesse interposto diante dele, para desviar a sua indignação, a fim de que não os destruísse.”

Moisés disse: “Não faça assim, Senhor. Perdoe o pecado deste povo. Ou se não, risque o meu nome do seu livro. Pense na sua reputação, Deus. Se esse povo perecer no deserto, os egípcios falarão que o Senhor não conseguiu levá-lo à terra prometida. O Senhor não pode deixar o seu nome sofrer ignomínia.”

Que espírito maravilhoso em Moisés! Ele não estava ansioso por ser o pai da nova nação. Ele queria o bem do povo de Israel, e a honra de Deus. Ele ficou entre Deus e o povo, e desviou a ira de Deus. Ele ofereceu a sua própria vida, a fim de que o nome do  Senhor não fosse desprezado.

Em outra ocasião, quando Deus estava ferindo os israelitas com uma praga, Moisés ordenou que Arão tomasse o incensário com fogo do altar, e ficasse em pé entre os vivos e os mortos. Arão foi, e a praga cessou (Nm 16.46-48). Isto é intercessão. A praga não podia resistir a Arão com seu incensário. A misericórdia triunfa sobre o juízo e a ira de Deus.

Jesus foi um intercessor. Ele é o exemplo supremo, pois não só ofereceu sua vida, como fez Moisés, mas realmente a deu. “Porquanto derramou a sua alma até a morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu” (Is 53.11,12). E agora ele continua sendo nosso sumo sacerdote, que intercede por nós, junto ao Pai (Hb 4.14-16).

O ministério de Jesus como intercessor é revelado também no capítulo 17 de João.

Podíamos pensar que a intercessão de Jesus é somente para nos livrar do pecado.Mas não é assim. Na sua oração, ele disse: “E por eles me santifico, para que também eles sejam santificados na verdade” (v.19). “Eu lhes dei a glória que a mim me deste, para que sejam um como nós somos um” (v.22). Como é que Jesus estava se santificando? Como ele lhes manifestaria a glória do Pai? Como chegariam os seus discípulos a ser um como Jesus é um com o Pai? Através da sua vida que ele estava oferecendo. Ele não só estava rogando ao Pai, nesta oração intercessória. Ele estava oferecendo a sua própria vida. A sua própria oração seria respondida através do sacrifício da sua vida. Intercessão não é apenas suplicar. É tomar uma posição diante de Deus com a própria vida. É a forma mais elevada de oração e do ministério de um sacerdote.

Paulo também foi um intercessor. Tão grande foi seu amor pelos judeus, e tão grande seu desejo de salvá-los, que ele queria ser amaldiçoado, se isto pudesse levá-los a Cristo (Rm 9:1-3). Ele tinha “grande tristeza e incessante dor” no seu coração pelos perdidos. Este é o espírito que Moisés e Jesus tiveram – o mesmo desejo de oferecer a própria vida para exaltar o nome de Deus e fazer a sua vontade. Os propósitos de Deus na terra e o seu povo valiam muito mais para ele que a própria vida.

Como Jesus, Paulo não queria somente salvar um povo do inferno. Ele queria formar Cristo em cada um. Em Gálatas 4:19, ele diz: “Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós”. Este é o ministério de um sacerdote – sofrer dores de parto, oferecer a própria vida, para trazer à luz os propósitos de Deus no meio de seu povo e a glória de Deus na terra.

Há outros exemplos de intercessores. Abraão intercedeu pela vida de Ló em Gn 18:23-33. Daniel intercedeu pela nação de Israel na passagem já citada em Dn 9. E Apocalipse mostra o papel da intercessão nos últimos dias.

“Veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso para que o oferecesse com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono. E da mão do anjo subiu diante de Deus a fumaça do incenso com as orações dos santos. Depois o anjo tomou o incensário, encheu-o de fogo do altar e o lançou sobre a terra; e houve trovões, vozes , relâmpagos e terremoto” (Ap 8:3-5).

As intercessões do povo de Deus têm grande influência sobre os acontecimentos do mundo. Muitas vezes nem reconhecemos quanto os sistemas do mundo são, ou podem ser, dirigidos e transformados através da intercessão.

Deus levantou um servo dele na primeira metade deste século para mostrar justamente este fato. A vida inteira de Rees Howells, do país de Gales, Grã Bretanha, foi uma demonstração daquilo que Deus pode fazer através de uma vida dedicada à intercessão. Durante a Segunda Guerra Mundial, juntamente com os estudantes de uma escola bíblica fundada por ele, Rees intercedeu. Muitas batalhas foram miraculosa e inexplicavelmente ganhas como conseqüência da intercessão destes santos para preservar a Europa e o mundo das forças malignas de Hitler.

Na passagem citada de Apocalipse, todos os juízos de Deus que vieram com as sete trombetas, são resultados das orações dos santos, simbolizadas pelo incenso. Grande parte dos acontecimentos dos últimos dias, tanto com os ímpios e nações do mundo, como também com a igreja do Senhor, resultarão da intercessão do reino de sacerdotes que Deus está levantando.

O chamamento está aberto – e urgente. Precisamos de sacerdotes, intercessores, como nunca antes na história do homem. Deus sempre procurou homens que estivessem dispostos a dar a própria vida para seus propósitos – homens que pudessem descobrir a sua natureza até o ponto de orar e suplicar em perfeita harmonia com seu coração. Deus não quer, e não vai, realizar todo o seu plano sozinho. Ele espera fazer isto em conjunto com o homem. Ele procura pessoas que se entreguem completamente a buscar aquilo que corresponde aos intentos íntimos e secretos do seu coração.

Precisamos de intercessores hoje. Intercessores como Moisés, que, embora reconheçam a grande iniqüidade e apostasia do povo do Senhor, saibam que Deus é grande em misericórdia, e desejem levar ainda este mesmo povo à sua herança, e ao cumprimento dos seus propósitos. Intercessores como o próprio Jesus, que darão a vida para dar à luz a glória de Deus numa igreja unida, como são unidos o Pai e o Filho. Intercessores como Paulo, dispostos a sofrerem dores de parto, até que Cristo seja formado nos cristãos de hoje. Intercessores que ofereçam a Deus o incenso que irá desencadear todo o plano divino para a consumação deste século.

Este é o chamamento mais sublime que existe. É um chamamento para participar daquilo que está mais próximo ao coração de Deus. Deus quer seu reino de sacerdfotes – e o quer urgentemente. Não há outra maneira no plano de Deus para realizar a sua vontade.

Busque do Senhor este chamamento. Busque dele o caminho para que você possa entrar, experimentalmente, neste propósito do Senhor para sua vida.

ORDENAR

Com intercessão chegamos ao clímax do ministério de um sacerdote. Ordenar é função de um rei. É o rei que tem o direito e a autoridade de ordenar.

Nós já vimos que a porta ao reino que Deus está formando é o sacerdócio. Jamais seremos reis sem antes termos aprendido o ministério de um sacerdote. Enquanto não estivermos adorando, louvando e intercedendo, não teremos direito de ordenar.

Nosso problema hoje é que todos querem ordenar, e poucos querem ministrar diante de Deus. É bom ver demônios expelidos, doentes curados e sinais nos seguindo. Mas o único caminho para alcançar esta posição de autoridade é através do santuário. Deus só vai nos confiar o direito de ordenar quando conhecemos a sua presença como adoradores, e compartilhamos de sua natureza e propósitos, como intercessores.

É vontade de Deus que ordenemos? A palavra de Deus o afirma. “Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será feito” (Mc 11:23).

Ordenar não é orar. É dar uma ordem, com autoridade. É evidente que esta autoridade é resultado de uma vida de oração na presença de Deus. Por conhecermos a Deus, e a sua vontade,chegaremos à posição de ordenar. Nossa palavra será uma ordem do próprio Deus.

A Bíblia está cheia de exemplos de servos de Deus que simplesmente ordenaram.

Quando o povo de Israel estava diante do Mar Vermelho, perseguido pelo exército dos egípcios, e murmurando contra Moisés, este começou a buscar a Deus.

Mas Deus lhe respondeu: “Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. E tu, levanta tua vara, e estende tua mão sobre o mar e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco” (Ex 14:15,16). Não era hora de orar, nem de suplicar. Era hora de dizer, ordenar. Moisés já possuía a vara de autoridade. Agora ele tinha que exercer esta autoridade.

Um exemplo excelente de um servo de Deus que usou seu direito de ordenar é Josué. “Então Josué falou ao Senhor… e disse na presença de Israel: Sol, detém-te sobre Gibeom, e tu, lua, sobre o vale de Aijalom … O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro. E não houve dia semelhante a esse, nem antes nem depois dele, atendendo o Senhor assim à voz de um homem” (Js 10:12-14).

O profeta Elias também ordenou. “Então Elias, o tesbita, que habitava em Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor, Deus de Israel … que nestes anos não haverá orvalho nem chuva, senão segundo a minha palavra” (I Rs 17:1).

Jesus ordenava constantemente, durante todo o seu ministério. Raras vezes orava em público. Ele passava noites orando, tendo comunhão com seu Pai, ou intercedendo. Mas no seu ministério, ele ordenava com autoridade.

Um exemplo é a cura  do criado do centurião em Mateus 8:5-13. Jesus estava disposto a ir à casa do centurião para curar o rapaz. Mas o centurião disse: “Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado; mas somente dize uma palavra, e o meu criado há de sarar. Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldado às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.” O centurião entendia o princípio de autoridade, e cria no direito de Jesus de ordenar. E assim Jesus fez admirando-se da fé e percepção espiritual do centurião: “Então Jesus disse ao centurião: Vai-te, e te seja feito assim como creste. E naquela mesma hora o seu criado sarou”.

Os apóstolos também exerceram autoridade assim em inúmeras ocasiões. Pedro e João encontraram um coxo à porta do templo em Atos 3:1-7. “Disse-lhe Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou; em nome de Jesus Cristo, o nazareno, anda.”

Este direito de ordenar é para nós também. Deus quer confiar a seus fiéis a sua autoridade para realizar a sua vontade na terra. É parte da nossa herança. É cumprimento do propósito original de Deus em criar o homem – que ele pudesse exercer autoridade sobre a criação. Busquemos, então, o caminho à presença de Deus.

CONCLUSÃO

Deus ainda quer realizar o seu propósito de formar um reino de sacerdotes, uma nação de reis e sacerdotes. O povo de Deus hoje desconhece quase por completo este tão alto chamamento. Poucos sabem que estão sentados com Cristo no trono. Menos ainda sabem que são chamados a reinar. Ser rei agora? Reinar como, e sobre o que?

Mas é um reino de sacerdotes. Se você não estiver exercendo o ministério sacerdotal, não poderá reinar e nem compreender o que seja a função de um rei. Aprender o ministério de um sacerdote, oferecer sacrifícios espirituais no santo dos santos – esta é a chave ao cumprimento de todo o plano que Deus deseja realizar em, e através de, seu povo nestes últimos dias. Como vamos sequer conhecer os propósitos de Deus, se não ministrarmos na sua presença? Porém, à medida que cumpramos o ministério de sacerdote, Deus se revelará a nós, e através de nós, e sem percebermos, estaremos reinando. Estaremos exercendo a autoridade divina. Estaremos realizando os propósitos que estão no coração de Deus desde a fundação do mundo.

O caminho para dentro do santo dos santos já está aberto. Jesus o abriu para nós com seu sacrifício perfeito. O chamamento é estendido a nós. Entremos com ousadia. Sejamos sacerdotes, ministrando diante do Senhor continuamente!

Esta mensagem deve sua inspiração e parte do seu conteúdo à quinta e sexta fitas de uma série de mensagens, dadas por DEREK PRINCE,

intituladas: “Sharing the Throne with Christ” (Compartilhando o Trono com Cristo).

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