Governo Familiar

“Porque eu o tenho escolhido, a fim de que ele ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para praticarem retidão e justiça; a fim de que o Senhor faça vir sobre Abraão o que a respeito dele tem falado” (Gênesis 18:19).

Há três coisas muito importantes nestas palavras:

1) Que Abraão usou sua autoridade paterna no governo de sua família.

“Que ele ordene a seus filhos e a sua casa depois dele”. Ele não considerava suficiente orar por eles, ou ensiná-los, mas usou a autoridade que Deus deu a ele- ele os governou.

2) Que ele cuidava de seus servos tanto quanto de seus filhos. Em Gn. 14:14, nós aprendemos que Abraão tinha 318 servos nascidos em sua casa. Ele viveu no tempo patriarcal, como os árabes do deserto atualmente. Sua família era muito numerosa e mesmo assim ele não diz: “eles não são meus”. Ele ordenou seus filhos e sua casa.

3) Seu sucesso: “para que guardem o caminho do Senhor”. É comum dizer que os filhos de bons homens tornam-se maus. Bem, aqui está um bom homem, e um bom homem cumprindo seu dever para com seus filhos; e aqui está o resultado. Seu filho Isaque era provavelmente um filho de Deus desde sua tenra idade. Existem marcas disto em sua vida. E que deleitosa espécie de crente, piedoso foi o servo Eliezer! (Gn. 24)

É dever de todos os crentes governar bem suas casas.

I – A fonte deste dever.

1) Amor pelas almas. À medida que o homem não cuida de sua própria alma, ele não cuida das almas de outros. Ele pode ver sua mulher e filhos vivendo em pecado, indo para o inferno, e ele não se importará. Ele não se preocupa com missões, não sustenta missionários. Mas no momento que os olhos dele são abertos para o valor de sua própria alma, ele começa a cuidar das almas dos outros. A partir deste momento ele amará a causa missionária. Ele, de boa vontade, separa um pouco para enviar o Evangelho para os judeus e os hindus que perecem. Ele começa a cuidar da Igreja em casa; seus próximos, todos vivendo em pecado. Como o maníaco de Decápolis, ele publicará o nome de Jesus onde ele for. E agora, ele começa a cuidar de sua própria casa. Ele dirige seus filhos e sua casa depois dele. E você? Você governa bem sua própria casa? Você adora a Deus, pela manhã e ao anoitecer, na sua família? Você lida com seus filhos e servos no tocante a conversão deles? Se não, você não ama suas almas. E a razão é que você não ama a sua própria. Você pode fazer qualquer profissão externa que lhe agradar; pode participar dos sacramentos, falar sobre seus sentimentos, mas se você não se empenha para a conversão de seus filhos, tudo isto é mentira. Se você porém, sentisse a preciosidade de Cristo, você não conseguiria olhar suas faces sem um desejo pungente que eles sejam salvos. Como Raabe em Josué 2:13.

2) Desejo de usar seus talentos para Cristo. Quando um homem vem a Cristo, ele sente que não pertence mais a ele mesmo (1 Co. 19). Ele ouve Cristo dizer “Negociai até que eu venha”. Se ele é um homem rico, ele usa tudo para Cristo, como Gaio. Se é um homem letrado, ele usa isto para Cristo, como Paulo. A autoridade paterna é um talento, a autoridade de senhor é outro, pelo uso dos quais os homens serão julgados. Ele os usa para Cristo também. Ele dirige seus filhos e sua casa depois dele. E você? Você usa estes talentos para Cristo? Se não, você nunca se deu a Ele; você não é Dele.

II – Exemplos bíblicos:

1) Abraão. O mais eminente exemplo disto – o pai de todos os crentes. Você é filho de Abraão? Então ande em seus passos sobre este assunto. Onde Abraão esteve, ele construiu um altar para o Senhor.

2) Jó. Em cada aniversário de seus filhos, Jó ofereceu sacrifício, de acordo com o número de todos eles (1:5)

3) Josué. “Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor”. (24:15)

4) Eunice. Desde criança o pequeno Timóteo conheceu as Escrituras; e a razão para isto, você entende quando lê da fé de sua mãe Eunice (2 Tm. 3:15; 1:5). Assim foi na Escócia nos dias de nossos pais; e se quisermos ver a Escócia de novo como um jardim do Senhor, deve ser pelo reavivamento do governo familiar.

III – Como fazê-lo.

1) Adore a Deus na sua família. Se você não adora Deus na sua família, você está vivendo em pecado indiscutível; pode ter certeza que você não está cuidando das almas de sua família. Se você negligencia servir o alimento para seus filhos comerem, não diriam que você não cuida de seus corpos? E se você não guia seus filhos e servos aos pastos verdejantes da Palavra do Senhor, e a buscar a água viva, está claro que você não cuida de suas almas. Faça isto regularmente, pela manhã e a tarde. É mais necessário que o alimento diário; mais necessário do que seu trabalho. Quão vão e tolo parecerão todas suas desculpas, quando olhar para o inferno! Faça isto de maneira séria e comprometida. Algum pedaço dos Salmos, e alguma leitura da Palavra, e assim a adoração a Deus é reduzida a um arremedo. Faça-o de maneira espiritual, viva. Faça-o como se fosse uma fonte para a salvação. Talvez não exista um meio de graça mais abençoado. Que toda sua família esteja presente sem falta; não deixe nenhum de fora.

2) Lidere – use autoridade paterna. Que terrível punição sobreveio a Eli, “por causa da iniqüidade de que ele bem sabia, pois os seus filhos blasfemavam a Deus, e ele não os repreendeu”. Eli foi um bom e santo homem; e freqüentemente falou para seus dois filhos ímpios, mas eles não lhe atenderam. Mas nisto ele falhou; ele não usou sua autoridade paterna; ele não os restringiu. Lembre-se de Eli. Não foi suficiente orar por seus filhos e com seus filhos, ou mesmo avisá-los; você deve restringi-los. Restringi-los com laços de amor. De livros nocivos, companhias prejudiciais, diversões impróprias, do tempo inoportuno, restrinja-os.

3) Lidere servos, assim como filhos. Assim fez Abraão. Lembre-se que você está no lugar de um pai para seus servos. Eles estão debaixo de seu teto; e eles tem direito a suas instruções. Se eles lhe servem no que concerne a coisas materiais, é justo que você os ministre no que concerne a coisas espirituais. Você os tirou da casa de seus pais, é seu dever cuidar que não se percam por isto. Ó! Quantos pecados poderiam ser impedidos, se os patrões cuidassem das almas de seus servos.

4) Lide individualmente sobre a conversão da alma. Conheço muitos queridos pais cristãos que tem sido, singularmente, negligente neste particular. Eles cultuam a Deus em família, oram seriamente em secreto por seus filhos e servos, e apesar disto, não lidam com eles no que concerne a sua conversão. Satanás espalha um tipo de falso pudor entre os pais, de forma que eles não inquirirão de seus pequenos: Você encontrou o Senhor, ou não? Ah! Quão pecaminoso e tolo isto parecerá na eternidade. Se você pudesse ver alguns dos seus filhos ou servos no inferno, tudo porque você não falou com eles em particular, como você olharia? Comece hoje à noite. Leve-os à parte e pergunte: O que Deus tem feito a sua alma?

5) Viva uma vida santa diante deles. Se toda sua religião reside na sua língua, seus filhos e servos logo descobrirão sua hipocrisia.

IV – A benção que advém do cumprimento disto.

1) Você evitará a maldição. Você evitará a maldição que sobreveio a Eli. Ele era filho de Deus e mesmo assim sofreu por causa de sua infidelidade. Ele perdeu seus dois filhos em um só dia. Se você quer evitar isto, evite o pecado de Eli.” Derrama a tua indignação sobre as nações que não te conhecem, e sobre as famílias que não invocam o teu nome “(Jr. 10:25). Se você não cultua a Deus em sua casa, uma maldição está escrita sobre sua porta. Se eu pudesse marcar as moradas nesta cidade onde não existe oração familiar, seriam os lugares onde a maldição de Deus certamente cairia. Estas casas estão sobre o inferno.

2) Seus filhos serão salvos. Assim foi com Abraão. Seu querido filho Isaque foi salvo. Quanto a Ismael eu não sei. Lembro-me somente do seu fervente clamor: “Oxalá que viva Ismael diante de ti!”. Tal é a promessa: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele”. Tal é a promessa no batismo. Ah! Quem pode falar da benção de ser um pai salvo de uma família salva? Queridos crentes, sejam sábios. Certamente se alguma coisa pudesse destruir a alegria do céu, isto seria ver seus filhos perdidos por causa da sua negligência. Queridas almas inconversas, se uma aflição pode ser mais dolorosa do que outra no inferno, esta seria ouvir seus filhos dizerem: “pai, mãe, vocês me trouxeram aqui”.

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