Escorregando para o inferno

“Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão e desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres, por distri­buições do Espírito Santo segundo a sua vontade?” (Hebreus 2:1-4)

Há alguns anos um transatlântico cortava silenciosamente seu caminho pelo majestoso oceano Atlântico, quando um grito de fazer correr um arrepio pela espinha atravessou o ar: “Ho­mem ao mar!” Na excitação e confusão que se seguiram ao primeiro anúncio trágico, um negociante bem vestido corria pela coberta do navio, a gritar: “Aquele homem é o meu irmão! Darei cinco milhões ao homem que o salvar!”

Quase imediatamente foi arriado um barco salva-vidas e, enquanto os passageiros e a tripulação juntamente se alinhavam ao longo do convés dando gritos de animação e encorajamento, o homem que se afogava foi puxado para o salva-vidas que rumou para o navio. Uma corda forte foi baixada do navio para o barco, mãos firmes amarraram a corda por baixo dos braços da vítima, e o sinal de suspendê-lo para bordo foi dado. Cada vez mais alto o homem foi sendo elevado até que, quando estavam prestes a pô-lo em segurança no convés, a corda escorregou e o homem se precipitou para baixo, batendo violen­tamente na proa do barco salva-vidas, para então mergulhar no Atlântico sem tornar a vir à tona.

Esse incidente verdadeiro é uma parábola moderna que representa milhões de homens e mulheres em nosso século XX. Um número incalculável tem sido levado até o próprio limiar da salvação, tendo reconhecido serem pecadores perdidos a ca­minho do inferno, tendo admitido que a obra completa de Cristo poderia salvá-los completamente; têm literalmente tremido em vista da pungente convicção do apelo persistente do Espírito Santo para que confie em Jesus Cristo, mas também têm per­sistentemente se recusado a tomar a grande decisão, até que finalmente escorregam e se precipitam no inferno.

Não é que conscientemente tivessem odiado a Cristo — meramente se mostraram negligentes para com Sua tão grande salvação. Não é que não tivessem confiado na Bíblia — tão-somente protelaram sua reconciliação com Deus. Não é que tivessem preferido o inferno ao Céu — mas, simplesmente, nunca chegaram ao ponto de dizer “sim” ao Salvador. Não é que tenham rejeitado amargamente a Cristo — tão-somente O negligenciaram, de modo descuidado. Apenas foram escorregan­do para o inferno, sendo arrastados cegamente para a morte eterna, para a perdição e para a condenação eternas.

Pondera cuidadosamente sobre as palavras de Deus contidas em nosso texto. Elas nos advertem seriamente sobre a solene seriedade do pecado e da salvação. Formam um tremendo “sim” e “amém” para a trágica verdade de Provérbios 29:1 que diz: “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, será quebrantado de repente sem que haja cura”. Elas são uma reafirmação da declaração de nosso Senhor, em Marcos 8:36,37: “Que aproveita ao homem, ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Que daria um homem em troca de sua alma?”

A salvação e a segurança de tua alma continuam sendo a coisa mais importante do tempo e da eternidade. No entanto, muitas pessoas morrem perdidas e vão para o inferno, em número muito maior do que aquelas que confiam em Cristo como seu Salvador e chegam ao Céu. A autoridade, que pronuncia esta espantosa afirmação, não é outra senão Aquele que decide os destinos dos homens, o Senhor Jesus Cristo. Ele ensinou claramente essa verdade, ao dizer; “Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para a perdição e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela” (Mateus 7:13,14).

Por que será que essa é a verdade? Com toda a apaixonada convicção de minha alma a pontuar cada sílaba, replico que o nosso texto é a resposta acerca dessa maioria: negligenciam tão grande salvação! Não é que descreiam da Bíblia, não é que não desejem ser salvos, não é que não tencionem ser salvos algum dia; porém, vão adiando a sua decisão até que finalmente é “tarde demais” e o inferno se torna sua porção para sempre.

Apega-te “com mais firmeza, às verdades ouvidas” (ver­sículo 1), enquanto chamo novamente tua atenção para algumas das verdades vitais que Deus tem apresentado nesse texto. Considera comigo primeiramente:

I. A Punição Contra o Pecado

O segundo versículo relembra-nos que “… tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão e desobe­diência recebeu justo castigo”. O pecado tem de ser punido! Cada pecado tem de ser punido! Deus deixaria de ser Deus se deixasse o pecado passar despercebido, não julgado, não pu­nido. Coisa tão inconcebível seria uma derrota para Ele e um triunfo para Satanás. O diabo, porém, jamais alcançará vitória neste assunto, e o pecado será realmente punido.

A. Todo Pecado será Levado a Juízo

Eclesiastes 12:14 afirma isso nas palavras “Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más”. No capítulo décimo-primeiro do mesmo livro, versículo nove, Salomão escreve: “Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, que de todas estas cousas Deus te pedirá conta”.

O Senhor Jesus definiu a questão ainda mais de perto ao declarar, em Mateus 12:36: “Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia de juízo”.

Oh, escuta aquilo que Deus tem repetidamente jurado: Todo pecado que cometeres, quer pequeno quer grande, terá de ser levado a juízo, e terá de ser punido. Jamais poderás iludi-Lo seja no que for! Aqueles pecados secretos que julgaste poderem passar despercebidos serão trazidos à luz, no julgamento de Deus.

B. Punição Conforme as Obras

Porém, não apenas será punido cada pecado — será casti­gado com justiça! “… toda transgressão e desobediência recebeu justo castigo”, diz o nosso texto. O testemunho corroborador de Salmos 9:7,8 insiste: “Mas o Senhor permanece no seu trono eternamente, trono que erigiu para julgar. Ele mesmo julga o mundo com justiça; administra os povos com retidão”. Então, Atos 17:31 confirma essa verdade com as palavras: “Porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos”. E a nota positiva de Romanos 2:2 declara: “Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade, contra os que praticam tais cousas”.

Serás julgado com eqüidade, com justiça, com retidão, com probidade e de conformidade com a verdade. Todos os homens serão julgados “segundo as suas obras”, conforme somos informados por duas vezes no capítulo vinte do livro de Apo­calipse, que fala sobre a manhã do Grande Julgamento. A balança da justiça então pesará corretamente, pela primeira vez, desde que Eva tomou do fruto proibido, no histórico Jardim do Éden.

C. Homicídio, Adultério, Maldição, Mentira — Não São os Pecados mais Graves

Visto que o pecado será punido com justiça, o pecado maior é o que deverá merecer castigo mais severo, naturalmente. Mas, qual é o maior dos pecados? Se perguntasses isso a cem pessoas, receberias cem respostas inteiramente diferentes.

Um diria: “O maior pecado é o homicídio!” O homicídio é realmente um pecado terrível, trágico, satânico. Um dos Dez Mandamentos adverte contra o mesmo, dizendo: “Não matarás” (Êxodo 20:13).

Outro exclama com firmeza: “O adultério é o pior de todos os pecados!” Aqui, igualmente, há uma odiosa ofensa tanto contra Deus como contra o homem, e, em minha estimativa, mais grave ainda que o assassínio. Deus aborrece o adultério com tal veemência que o permite como base possível para o divórcio — absolutamente o único pecado por causa do qual Ele permite o rompimento dos laços santos do matrimônio. Além disso, o adultério é um pecado tão hediondo que Deus originalmente ordenava a pena de morte contra o mesmo. Êxodo 20:14 declarava: “Não adúlteras”, enquanto que Levítico 20:10 acrescenta: “Se um homem adulterar com a mulher do seu próximo, será morto o adúltero e a adúltera”. Em Provérbios 6:32 Deus declara: “O que adultera com uma mulher está fora de si; só mesmo quem quer arruinar-se é que pratica tal cousa”. O próprio adultério, porém, não é o pior dos pecados!

Outra pessoa emite sua opinião, dizendo: “Penso que o juramento falso é o pior de todos os pecados”. Sim, maldizer é um grande pecado! Disse Deus em Êxodo 20:7, outro dos Dez Mandamentos: “Não tomaras o nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão”. Deus igualmente disse, em Levítico 24:16: “Aquele que blasfemar o nome do Senhor, será morto; toda a congregação o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do Senhor, será morto”. No entanto, a blasfêmia não é de todos o pior pecado!

Algum outro arrisca: “Será a mentira?” Aqui, uma vez mais, temos uma terrível transgressão. Em Apocalipse, capítulo 21 e versículos 8 e 27, Deus classifica a mentira juntamente com o homicídio, o alcoolismo, a idolatria, o adultério, a feitiçaria e outros pecados semelhantes. Não tenho o menor respeito e consideração pelo indivíduo mentiroso, e dentre todos os pe­cados da humanidade, o que me é mais difícil para perdoar, é o da mentira. Porém, existe um pecado muito pior que o da mentira!

Esse pecado não é nem a cobiça, nem o furto, nem a ca­lúnia, nem a maledicência, nem o intrometimento, nem espancar a esposa, nem a sodomia, nem a feitiçaria, nem a hipocrisia, nem a ingratidão — nenhum desses é o pecado mais grave de todos! Afortunadamente, Deus não nos deixou decidir por nossa própria imaginação sobre qual seria o pecado mais grave, o que merece o castigo mais severo.

D. Rejeição a Cristo — Eis o Pecado Mais Grave

Baseado na mais alta autoridade do universo declaro-te que o pecado mais grave do mundo é o da incredulidade, o de rejeitar Jesus Cristo como Salvador pessoal, o de não entre­gar-se de todo coração a Deus!

Em Marcos 12:29,30, respondendo ao escriba que Lhe perguntara: “Qual é o principal de todos os mandamentos”? O Senhor Jesus declarou-lhe: “O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força”. Visto que esse é o primeiro e o principal de todos os mandamentos, quebrá-lo é cometer o primeiro e principal pecado na ordem da gravidade. Não é a prostituta quem comete o pecado mais grave; é a mulher, muitas vezes respeitável em outros sentidos, mas que não ama ao Senhor. Não é o beberrão, nem o assassino, nem o criminoso; é o homem que não dá seu coração a Deus — é aquele que rejeita a Cristo.

O Salvador disse a mesma coisa em João 16:9, enquanto explicava o ministério do Espírito Santo ao reprovar os per­didos no pecado: “Do pecado, porque não crêem em mim”. Esse é o único pecado que, se o pecador persistir nele, não pode ser perdoado por Deus. É um pecado tão horrendo, tão horrível, tão odioso, tão hediondo que merece toda a justa ira de um Deus Santo derramada contra o pecado, sem medida, para sempre! Esse é um pecado eterno contra o Cristo Eterno e que exige uma penalidade eterna.

Certamente que admitirás que é justo que o pior de todos os pecados receba a mais severa das punições! Por conseguinte, o único pecado, de que deves ser culpado para que tua alma fique eternamente condenada ao inferno de fogo e enxofre, é o de não dar teu coração a Deus, o pecado de rejeitar a Jesus Cristo, como Salvador.

Porém, é inteiramente desnecessário que o pecador pereça! Não seria uma insensatez alguém afogar-se com um salva-vidas pessoal ao alcance do braço? Não seria loucura perecer no incêndio de um edifício se houvesse uma escada ao alcance esperando para ser usada, por onde poderias sair pela janela e alcançar o chão? Não seria ridículo se um homem por acidente engolisse uma quantidade de veneno, para em seguida rejeitar o antídoto, mesmo quando posto em seus lábios por uma mão amiga? Não seria loucura se o piloto de um avião, que se esti­vesse precipitando ao solo, não quisesse apertar o botão de ejeção ao alcance de seu dedo, que o lançaria são e salvo para fora? Semelhantemente, é absolutamente insensato para o pecador perecer em seus pecados, e ter de pagar por si mesmo a pena­lidade imposta contra sua transgressão, quando uma salvação perfeita e inteiramente grátis está à sua disposição, contanto que a solicite!

Negro, realmente, é o quadro da punição contra o pecado; porém, Deus não nos deixou sem remédio. Ele, em Sua mise­ricórdia e amor, nos proveu uma “tão grande salvação”. Nota comigo, em seguida

II. A Provisão da Salvação.

O terceiro versículo de nosso texto, pergunta: “Como es­caparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?” As palavras “tão grande” desta passagem ultrapassam tanto toda descrição e compreensão como o “amou… de tal maneira” em João 3:16, onde nos é dito que “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito”.

A. A Grande Origem da “Tão Grande Salvação”

Essa salvação é tão grande por causa de seu Criador! Ela foi concebida, não nos salões do congresso, não nos plenários das convenções, não nas câmaras do Parlamento, porém, no próprio glorioso salão do trono no Céu! O confucionismo, o budismo, o xintoísmo, o hinduísmo, o maometismo, o modernismo e todas as demais ideologias falsas foram planejados! No abismo, pelo próprio pai da mentira, enquanto que a “grande salvação” foi traçada no palácio do Deus Triúno, onde Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo são Conselheiros co-iguais! Não foi uma salvação concebida pelo homem mortal, mas pelo Senhor imortal, eterno e imutável do Céu e da terra. Trata-se tão-somente da extensão do amor do Deus santo e Todo-Poderoso pela tua pobre e pecaminosa alma perdida, incli­nada e condenada ao inferno.  Essa salvação é “tão grande” por causa do seu Criador!

B. Seu Tremendo Custo Tornou-a uma Grande Salvação

Além disso, é tão grande por causa de seu preço. Em I Pedro 1:18,19, lemos: “Sabendo que não foi mediante cousas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso útil procedimento… mas pelo precioso sangue, como de cor­deiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo”. Tome-se a dívida de todas as guerras de todos os povos, desde o princípio da humanidade, adicione-se isso tudo numa só soma, então multiplique-se a mesma pelo número total das estrelas do firmamento. (Transforme-se esse resultado fantasticamente grande em notas de USD 100,00 e o total não poderia nem ao menos começar a pagar o preço da salvação.

O preço necessário para adquirir a redenção é o preço supremo de todos os séculos: é o mais alto, o maior que o próprio Deus poderia jamais oferecer. Foi preciso que o Pai desse seu próprio Filho unigênito. Foi preciso o dom de Seu próprio “Eu” vivo, amoroso, impecável, por parte do Salvador, oferecido no Calvário, para apagar teus pecados e adquirir para ti a tua redenção! O custo foi tão tremendo que o sol ocultou seu brilho e não pôde contemplar a cena; a terra tremeu e estremeceu com pavor, debaixo da imensa carga, quando o Filho de Deus “pagou o preço” com Seu próprio sangue precioso para a salvação do homem. Sim, essa salvação é “tão grande” por causa do seu custo.

C. Salvação Grandiosamente Completa

Novamente, essa salvação é tão grande porque é completa! Colossenses 2:9,10 nos diz: “… porquanto nele (Cristo) habita corporalmente toda a plenitude da Divindade. Também nele es­tais aperfeiçoados…” Não existe absolutamente nada que seja verdadeiramente grande, nada que não esteja incluído no Senhor que seja eternamente grande que não esteja incluído, no Senhor Jesus Cristo, para os filhos de Deus. Temos recebido o perdão de todos os nossos pecados, um coração novo, uma nova natu­reza, o Espírito Santo que em nós veio habitar da parte de Deus, alegria, paz, segurança, o privilégio de orar ao Pai que Se deleita em responder, santificar, dar poder para possibilitar a vitória sobre o pecado e sobre Satanás, e uma hoste inumerável de outros benefícios nesta vida. Tudo isso, e o Céu também!

Efésios 1:3 descreve este fato: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais”. Pedro encora­jou àqueles que “conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo”, com palavras que dizem: “Graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno co­nhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor. Visto como pelo seu divino poder nos têm sido doadas todas as cousas que con­duzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promes­sas…” (II Pedro 1:2-4). E Romanos 8:32 acrescenta: “Aquele que não poupou a seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura não nos dará graciosamente com ele todas as cousas?”

Essa salvação é tão grande e completa por causa daquilo que está incluído em seu escopo, mas também é grande porque “Está consumada!” (João 19:30). Jesus pagou tudo! Nada resta para nós tentarmos adquirir, comprar, merecer ou com­pletar. Torna-se completamente nossa quando simplesmente a aceitamos.

Os biógrafos de Hudson Taylor dizem que, quando ele era um rapazinho de quinze anos, sua atenção foi subitamente despertada pelas palavras “A obra terminada de Cristo”, num livreto que estava lendo. Começou a imaginar por que razão o escritor teria empregado tais palavras, quando repentinamente um pensamento lhe sobreveio com admirável clareza: “Se a obra inteira está terminada, a dívida está inteiramente paga e o que me resta para fazer?”

Num instante a resposta raiou no coração do menino que haveria de tornar-se o fundador da China Inland Mission, pelo que ele mesmo disse posteriormente: “Nada existia no mundo para eu fazer, senão cair de joelhos e aceitar esse Salvador e Sua salvação, louvando-O para sempre”. Sim, essa tão grande salvação é inteiramente completa e aguarda apenas ser aceita pelo pecador.

D. Tão Grande Salvação é Para Todo o Mundo

Novamente ainda, essa é uma salvação tão grande por causa de sua circunferência. Atinge a América do Norte e a América do Sul, a Europa, a Ásia, a África, a Oceania e todas as ilhas do mar. Prolonga-se para o norte e para o sul, para o leste e para o oeste, onde quer que o homem possa ser encontrado. O escritor do hino, exclamou:

“Ultrapassa a mais alta estrela

E atinge até o mais profundo inferno”!

Os ricos e os pobres, as prostitutas e as rainhas, os beberrões e os presidentes, os católicos e os protestantes, os judeus e os gentios, os prisioneiros e os livres, os negros e os brancos, os ignorantes e os eruditos, todos estão incluídos. A salvação de Deus é oferecida às pessoas de ambos os lados da estrada, contanto que a queiram aceitar gratuitamente.

Jesus Cristo, que não pode mentir, garantiu: “… e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (João 6:37). O Deus que jurou por Si mesmo “… visto que não tinha ninguém superior por quem jurar” (Hebreus 6:13), jurou que “Todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo” (Romanos 10:13). E o convite final da Bíblia promete “… Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida” (Apocalipse 22:17). Quem quiser pode obter esta tão grande salvação.

E. Salvação Tão Grande por Ser Dádiva Gratuita aos Crentes

E essa salvação não é apenas tão grande por causa de seu Criador, por causa de seu custo, por ser completa, e por causa de sua circunferência, mas, igualmente, por causa de suas condições.

Quais são as condições para o recebimento dessa salvação? Uma delas é que seja recebida gratuitamente! O seu recebedor não pode pagar seja que preço for por ela. Pois se trata de um presente, e, portanto nada existe a dar em retribuição. Efésios 2:8,9 descreve-o com as palavras: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”. A salvação do Salvador é aquilo a que se refere Isaías 55:1, como algo adquirido “sem dinheiro e sem preço”. Oh, prezado leitor, acredita nisso: essa tal salvação é gratuita!

A outra condição ligada a essa tão grande salvação é a fé. A única resposta bíblica para a pergunta “Senhores, que devo fazer para que seja salvo”? É simplesmente: “Crê no Senhor Jesus, e serás salvo” (Atos 16:30,31). Qualquer outra resposta não é a resposta da Bíblia. Precisas tão-somente aceitá-la, recebê-la!

João 1:12 diz: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a saber: aos que crêem no seu nome”. João 3:16, passagem familiar e amada por milhões, nos assegura: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Oh, não tornes a salvação difícil, se ela é tão fácil e simples! Essa salvação eterna será tua para sempre desde o momento em que receberes a Jesus Cristo, como teu Salvador pessoal. Não te demores mais em aceitá-Lo.

Porém, visto que o castigo contra o pecado é tão tremen­damente terrível e que a provisão da salvação é tão maravi­lhosamente gloriosa, a terceira grande verdade de nosso texto é dificílima de compreender-se; e é a seguinte:

III. A Procrastinação de Pecadores

Que admiração não devem sentir os anjos do Céu e os demônios do inferno, igualmente, ao contemplarem os pecadores que se estão encaminhando inexoravelmente para o inferno, a procrastinar, a rejeitar, a negligenciar a aceitação dessa tão grande salvação, livremente oferecida a eles em Jesus Cristo… O versículo terceiro de nosso texto pergunta: “Como escapa­remos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?”

O grande evangelista Billy Sunday insistia que essa questão é irretorquível. Pregando perante numerosa multidão, numa reunião de reavivamento, em Omaha, Nebraska, há mais de quarenta anos, disse ele:

“Se eu me dirigisse a um comerciante próspero, e ele me descrevesse os princípios que devem ser seguidos a fim de conduzir um negócio bem sucedido, e eu então o agradecesse pela informação, para em seguida fazer-lhe a pergunta de meu texto, ficaria sem resposta.

“Se fosse falar com um dos principais médicos, e ele me explicasse muitas coisas sobre matéria médica e juris­prudência médica, e então eu lhe fizesse a pergunta de meu texto, teria de ir-me embora sem a resposta.

“Se me dirigisse ao mundo perdido, e me pusesse di­ante das grades eternas do aprisionamento infernal, e olhasse em seus rostos enquanto zombavam de mim, e lesse em suas testas “Sem esperança”; se então eu lhes fizesse a pergunta de meu texto, teria de partir sem receber resposta.

“Se Deus comissionasse um anjo que viesse da Glória, e se ele honrasse a mim e a vós com sua presença, e ficasse entre nós o tempo suficiente para lhe fazermos a pergunta de meu texto, ele se voltaria e sairia voando de volta ao trono de Deus, dobraria as asas como uma pomba cansada, e eu ficaria a olhar para o espaço sem limites, sem ter recebido qualquer resposta”.

Não há escape, se negligenciarmos uma tão grande sal­vação.

A. Negligência Significa Oportunidades – Perdidas que Não Voltam Mais

Os pecadores que se recusam a confiar em Cristo não podem deixar de segar uma colheita de oportunidades perdidas, opor­tunidades do amor de Deus que nunca mais serão repetidas. Cada oportunidade rejeitada é uma oportunidade perdida para sempre. Outras oportunidades poderão vir — e poderão não vir — mas aquela que tiver sido ignorada nunca mais voltará para convidar-te. As oportunidades são como “águas derramadas na terra, que já não se podem juntar” (II Samuel 14:14).

James H. McConkey relatou o caso de um botânico escocês que ficou um dia inteiro no campo, a olhar para uma urze sob seu microscópio. Subitamente, notando que uma sombra caía sobre o microscópio, olhou para cima e viu um pastor alto e enrijecido, que fazia esforços para ocultar seu divertimento por ver um homem adulto gastando tanto tempo a olhar para uma coisa tão comum como uma urze.

Em sua defesa, o botânico meramente deixou o pastor ver também pelo microscópio, e este, igualmente, olhou durante al­guns momentos, embevecido. Entregando o microscópio de volta ao botânico, este último notou que do rosto do pastor desciam grossas lágrimas.

“Que é que há?” perguntou o botânico, “Não é bonito?” “Oh”, replicou o pastor, agora já muito humilde, “natural­mente que é bonito — mais bonito do que eu posso dizer. Mas estava simplesmente pensando sobre quantos milhares delas tenho pisado descuidadamente debaixo dos pés, durante toda a minha vida”!

Já paraste alguma vez para considerar seriamente quantas oportunidades de aceitar Jesus Cristo tens pisado sob os pés, durante a tua vida? A Bíblia declara: “… eis agora o tempo sobremodo oportuno, eis agora o dia da salvação” (II Coríntios! 6:2). A oportunidade de Deus é sempre agora. Cada tique-taque do relógio representa uma oportunidade áurea que te é dada de confiares em Cristo e seres salvo. Isso significa que possuis sessenta “agoras” pisados debaixo de teus pés, a clamar pela justiça completa de tua eterna condenação?

Felix defrontou-se com a oportunidade de Deus que diz: “agora”, ao ouvir o apóstolo cheio do Espírito, que lhe apre­sentou sua apaixonada mensagem de “justiça, do domínio pró­prio e do juízo vindouro” (Atos 24:25); sentiu o Espírito Santo abalar-lhe a alma com essa mensagem até às raízes. A consciên­cia de seus pecados e a percepção da veracidade da mensagem levou-o literalmente a tremer com temor e convicção. Porém, Felix tolamente pisou aos pés essa oportunidade, ao replicar: “Por agora podes retirar-te e, quando eu tiver vagar, chamar-te-ei”. Os historiadores nos contam, entretanto, que o tempo conveniente nunca chegou para Felix, e que ele morreu desgraçadamente, suicidando-se, poucos anos depois. Ficou convencido da verdade mas não convertido; quase persuadido, e, no entanto, inteiramente perdido, por haver negligenciado uma tão grande salvação. Deixou sua oportunidade escapar!

O rei Herodes Agripa é outro trágico exemplo do que su­cede àqueles que pisam sob os pés as oportunidades divinamen­te dadas para aceitarem a salvação. Ele, igualmente, ouviu um sermão inspirado pelo Espírito, dos lábios do príncipe dos após­tolos. Também sentiu-se abalado até às maiores profundezas de sua alma com a convicção dada pelo Espírito. Porém, também com sua lamentável queixa: “Por pouco me persuades a me fazer cristão” (Atos 26:28). Os historiadores nos relatam que ele, igualmente, desapareceu da cena política, completamente fracassado, pouco depois disso. Quase persua­dido não fora suficiente, e assim negligenciou essa tão grande salvação. Também deixou escapar sua grande oportunidade!

Rogo-te que não caias no mesmo erro fatal! Cada oportu­nidade perdida leva-te mais e mais perto da última oportuni­dade, e mais próximo do lar permanente do inferno. Napoleão estava errado acerca de muitas coisas, mas tinha toda a razão quando disse: “Cada momento perdido oferece uma oportuni­dade para o infortúnio”. Adiamento significa morte, condena­ção e perdição para a alma separada de Cristo. “Como esca­paremos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?”

B. Negligência Significa Não Escapar de uma Vida Mal Casta e Desperdiçada

Se negligenciares essa maravilhosa salvação que Deus pro­veu para todos os pecadores, não poderás deixar de segar uma vida perdida, desperdiçada e mal gasta, a serviço do pecado, de Satanás e das coisas passageiras desta existência. Talvez pos­suas muitos tesouros guardados em cofres terrenos, porém, con­forme dizem as Escrituras, “nada temos trazido para o mundo, nem cousa alguma podemos levar dele” (I Timóteo 6:7). Con­forme Deus recordou ao salmista: “Não temas, quando alguém se enriquecer, quando avultar a glória de sua casa; pois, em morrendo, nada levará consigo, a sua glória não o acompanhará. Ainda que durante a vida ele se tenha lisonjeado…” (Salmos 49:16-18).

Se te tomares um bilionário, mas morreres sem te converteres, tua vida terá sido desperdiçada e mal gasta. O próprio Salvador disse: “Pois, que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” (Mateus 16:26). Não importa quão alto subas nesta vida, em matéria de sucesso ou triunfos, se morre­res sem Cristo tudo será perda e nada será proveito! Não te deixes enganar!

A vida de pecado, porém, é uma vida desperdiçada e mal gasta não apenas no que respeita às realizações, mas também do ponto de vista da própria influência. Mui vividamente me lembro da patética história de uma jovem mãe que veio procurar meu conselho há poucas semanas passadas. Com lágrimas amar­gas ela me contou uma trágica história de como havia influen­ciado um grupo de colegas de escola que conduzira a uma vida de pecado.  Ela lhes tinha ensinado a fumar, a mentir a seus pais, a deixar-se acariciar pelos rapazes, e outras formas de loucura pecaminosa.

Com os olhos fitos no chão, algumas vezes com a cabeça oculta entre as mãos, abatida pela tristeza, ela relatou o divi­dendo amargo do pecado, que ela mesma havia colhido. Em casa, enquanto falava, estava seu bebê inocente, cujo pai era um homem que não era seu marido — e nem ao menos podia dizer com certeza quem era o pai. Em sua humilhação, casara-se com outro homem, a quem não amava, simplesmente para dar ao bebê um nome.

Então, para acrescentar dor à vergonha, sua saúde fraque­jou tanto mental como fisicamente, a ponto de os médicos deses­perarem de sua própria vida. De coração despedaçado, pertur­bada mentalmente, afligida no corpo, desprezando-se a si mesma por causa de seu pecado, ela se voltou para Deus com ansiosa, humilde fé e arrependimento. Ele imediatamente a perdoou e purificou, naturalmente! Não foi Ele Quem prometeu, em I João 1:9: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”?

Esse, porém, não foi o fim da história, nem o peso maior de sua dor, enquanto conversava comigo. Ela se dirigira a diversas colegas que havia conduzido a uma vida de pecado, pleitean­do com as mesmas para que corrigissem suas relações com Deus, somente para ouvi-las rir na sua face. Uma delas, uma jo­vem solteira que tinha relações íntimas com um homem casado, disse-lhe que pensava estar esperando criança. Outra, também solteira, revelou-lhe que tinha ficado grávida e que, para esca­par da vergonha, jogara-se do alto de uma escada, provocando aborto, e assim matando a criança em seu ventre.

Entre muitas lágrimas, minha entrevistada confessou que ela era a culpada por haver levado tantas colegas a uma vida de pecado, e me rogou que lhe dissesse como poderia corrigir o erro e conquistá-las para Cristo. Não pude ajudá-la muito; nem sei se algum dia ela poderá conquistar aquelas colegas para o Senhor. Deus, em Sua maravilhosa graça, perdoou-a, porém, nem mesmo a graça do Todo-Poderoso pôde corrigir os anos de sua perniciosa influência.

Relembro-me com tristeza de meus próprios anos de pe­cado e de rejeição de Cristo. Cometi muitos erros, então, espe­cialmente por meio de minha influência sobre as vidas de ou­tros, de tal modo que nunca mais poderei corrigi-los. Alguns dos meus companheiros de pecado caíram mortos na batalha do Bolsão, na Normandia, ou em Iwo Jima, e noutras frentes de batalha durante a Segunda Guerra Mundial. Esses já se en­contram no inferno, e nada que eu possa fazer, nada que o próprio Deus possa fazer agora, pode ajudá-los.

Não és diferente de mim ou da jovem que mencionei acima. Estás espalhando tua influência perniciosa aos quatro ventos, consciente ou inconscientemente, cada dia de tua vida sem Cristo. Romanos 14:7 nos recorda a todos: “Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si”. Cada dia de vida, e também no próprio dia da morte, nossa influência es­tará afetando outros. Se negligenciares tão grande salvação, será impossível deixares de colher uma vida perdida, desperdi­çada e mal gasta.

C. Negligência Significa Não Escapar de Um Coração Endurecido

Também não poderás deixar de colher um coração frio, empedernido, endurecido! A procrastinação se transforma nu­ma doença. Hebreus 3:12,13 adverte: “Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exor­tai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado”. A procrastinação oferece ao pecado a oportunidade sempre aceita de endurecer o coração do pecador contra o Evan­gelho.

Ninguém pode permanecer não convertido durante muito tempo e possuir um coração terno. O engano do pecado rapi­damente transforma a argila em ferro, a água em gelo, a massa em rocha. O Evangelho de Cristo continua sendo uma espada de dois gumes (Hebreus 4:12) que corta de ambos os lados. De cada vez que é ouvido ou faz o coração do pecador voltar-se para Deus, ou endurece-o contra Deus. Nenhum sermão pregado no poder do Espírito Santo de Deus deixa alguém não afetado ou não transformado.

O pecado é algo traiçoeiro e pode destruir o pecador num momento, quando ele menos espera. Muitas pessoas têm sido tocadas por uma profunda convicção de pecado que sentiram não podiam ignorar. Tanto sua mente, como seu coração nos exor­tavam a resolver a questão da salvação de suas almas ime­diatamente, mas a única reação dos mesmos foi negligenciar sua decisão, até que foram abatidos por súbita destruição. Milhares que anteriormente tremiam de medo, durante os convites evangélicos, agora ficam serenos, a sorrir, enquanto o pregador os exorta.

Levei a cabo uma série de reuniões, aonde um homem perdido veio ouvir-me pregar mais fielmente que muitos dos membros daquela igreja. Os mais antigos me relataram como ele costumava ficar de pé chorando, segurando o banco à sua frente, presa de evidente agonia, durante um convite para aceitar o Evangelho. Mas agora, pelo menos externamente, parece não ter a menor preocupação pela sorte de sua alma. Na realida­de, até parecia que ele estava quase zombando, quando roguei aos perdidos que corrigissem suas relações com Deus.

Será que ele já tinha atravessado a linha fatal? Não sei, naturalmente, mas duvido, uma vez que ele veio ouvir-me pre­gar tão regularmente. Sei que seu coração se tornara endure­cido por causa do engano do pecado, a tal ponto que provavel­mente prosseguirá em sua pecaminosa rejeição de Cristo, até finalmente ser projetado no inferno. Cada dia que permaneces longe de Deus, aumenta a possibilidade de ficares perdido para sempre!

Tenho comigo, enquanto escrevo estas linhas, uma carta que acabo de receber, de um missionário que trabalha na longínqua índia do sul. Ao relatar sua obra entre uma tribo de aborígines que adora os espíritos, esse missionário diz: “Eles nos pedem que lhes falemos mais e mais, até que ficamos de gargantas tão cansadas que dificilmente podemos pronunciar mais uma palavra. Oramos para que outros nos venham aju­dar…”

Eis uma coisa bem estranha! Pagãos idólatras, numa terra distante, rogam aos poucos missionários evangélicos dali que lhes repitam a mensagem da salvação, até que as gargantas des­tes ficam tão cansadas que quase não podem mais falar. No entanto, pessoas cultas, refinadas, educadas, dão pouca atenção à familiar história de Jesus e Seu amor. Que é que faz a dife­rença? A resposta, usando a linguagem de nosso texto, é o pecado contínuo e a rejeição repetida. Os pagãos da índia ainda não tiveram seus corações endurecidos por ouvirem o Evange­lho por muitas e muitas vezes. Por outro lado, muitas pessoas sem Cristo, que por vintenas de vezes têm tido a oportunidade de serem salvos — rejeitam cada oportunidade! É que seus corações ficaram endurecidos, calejados, indiferentes, despreocupados e inabalados.

Não percebes o perigo que corres? Todas as vezes que deixas de confiar em Cristo estás endurecendo teu coração e selando tua condenação! “… endurecido pelo engano do peca­do!” “Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?”

Imploro-te que não continues a rejeitar a Cristo. Não de­mores mais em aceitar a Jesus Cristo, como teu Salvador pes­soal. Hebreus3:7,8 nos admoesta, dizendo: “Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações como foi na provocação…” Pois, se te demorares mais, não poderás deixar de possuir um cora­ção frio, empedernido, endurecido.

D. Como Poderás Escapar do Inferno, se Fores Negligente?

Finalmente, se negligenciares essa tão grande salvação, não poderás evitar de ter uma alma perdida, sentenciada ao tormento eterno do inferno. Gálatas 6:7,8 declara: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna”.

E Hebreus 10:26-31 acrescenta este aviso:

“Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da ver­dade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários. Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejei­tado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça? Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence à vin­gança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrível cousa é cair nas mãos do Deus vivo”.

Continua sendo verdade que as pessoas que esperam poder reclamar a salvação na hora undécima, usualmente morrem às dez e trinta… O adiamento é constantemente perigoso! Provér­bios 27:1 adverte: “Não te glories do dia de amanhã, porque não sabes o que trará à luz”. E Provérbios 29:1 torna essa questão ainda mais urgente, quando diz: “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, será quebrantado de repen­te sem que haja cura”.

Faz anos que um grupo de engenheiros civis advertiu os habitantes de uma pequena vila do Estado de Pensilvânia que era perigosa a represa acima deles, na montanha, e que deveriam abandonar a vila antes que fosse tarde demais. Porém, a cada advertência os habitantes apenas riam e zombavam. Zombeteiros, apenas replicavam: “Vocês não nos podem amedrontar”.

Quinze dias depois do último aviso, a represa rompeu-se, e dezesseis milhões de toneladas de água do reservatório do lago Conemaugh vieram rugindo pelo vale abaixo com “um ruído ensurdecedor, como de trovão”, e, depois de trinta minutos de ter-se abatido contra a vila, chamada Johnstown, já estava esta completamente arruinada, e 2.700 de seus habitantes tinham sido chamados à presença de Deus.

Tu, igualmente, tens sido advertido por muitas vezes sobre tua perigosa condição, separado como estás de Cristo. Oh, não sigas tolamente aquela filosofia que te levará à mesma sorte da­queles que diziam: “Vocês não nos podem amedrontar!” Sabes que a Bíblia é verdadeira! Sabes que és pecador! Sabes que Cristo é tua única esperança! Nesse caso, confia Nele hoje mesmo!’ Prosta-te a Seus pés, levado pela fé, antes que seja para sempre tarde demais! Corrige tuas relações com Deus, enquanto ainda tens oportunidade.

Isaías 55:6-7 convida, ao mesmo tempo em que lança uma advertência: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iní­quo os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compa­decerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar”. E II Coríntios 6:2 diz: “… eis agora o tempo so­bremodo oportuno, eis agora o dia da salvação”.

Examina novamente o primeiro versículo de nosso texto: “Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos”. Prezado amigo, não deixes passar este aviso! Arrepende-te de teus pecados e aceita a Jesus Cristo como teu Salvador, agora mesmo!

Comecei esta mensagem com a história do homem que do navio caiu no mar; deixa-me encerrar com outra história. Um marinheiro, do navio chamado Cunarder, estava trabalhando no alto de um dos mastros quando, subitamente, perdeu a firmeza, caindo no mar lá embaixo. Imediatamente se fez ouvir o grito arrepiante “Homem ao mar! Homem ao mar!” Logo uma cor­da lhe foi lançada, à qual se agarrou, enquanto mãos fortes o puxavam para o tombadilho do navio.

Por longo tempo permaneceu estendido no tombadilho, en­quanto os médicos e seus companheiros cuidavam dele. Seus olhos estavam abertos, e ocasionalmente seus lábios se moviam sem produzir som algum, porém, não havia meio de fazê-lo largar a corda. Finalmente, após tempo considerável, ele conseguiu sussurrar: “Capitão, não posso largar; agarrei-a para salvar a vida”. E passaram-se mais quatro horas até que os músculos de seus braços e de seus dedos ficassem suficientemente relaxa­dos para poder soltar a corda.

Aquele marinheiro não era nenhum tolo! Estando prestes a sofrer a horrível morte por afogamento, viu ao seu alcance a corda que poderia salvá-lo, e se agarrou à mesma com todas as forças que possuía. Serás tão sábio quanto ele, numa questão muito mais séria e importante — a salvação de tua alma eterna?

Estás te afogando no mar do pecado, afundando para a sorte horrenda de uma eterna morte no inferno. Estou oferecendo — ou melhor, Deus está te oferecendo, mediante a Sua Palavra — uma corda chamada salvação. Queres agarrar-te a ela? João 1:12 promete: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a saber: aos que crêem no seu nome”. Queres recebê-Lo? Queres confiar em Seu nome?

“Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação”?

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