Parte I
Na sua resposta aos fariseus sobre o assunto do divórcio, Jesus usou um verbo de profunda significação quando concluiu: “…o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Marcos 10.9).
O verbo “ajuntar” na língua grega do Novo Testamento era: “sunezeugnumi”, composto da preposição ‘sun’, igual a ‘com’ no português e do substantivo ‘zeugos’, ‘um par’ ou ‘uma junta’ em português. Esta última palavra, por sua vez, oriunda de ‘zugos’, deu ‘jugo’ em português, ou ‘balança’.
Jesus assim representava o casamento em duas figuras: algo como uma junta de bois arando a terra sob o mesmo jugo; outra de dois pratos ou bandejas duma balança antiga – ambas suspensas da mesma barra transversal.
No matrimônio, Deus une duas vidas debaixo de Seu governo para realizarem a mesma tarefa entregue a Adão e Eva: a de estabelecer o reino de Deus até os confins da terra através da família (Gênesis 1.28; Atos 1.8).
Era comum ver uma junta de bois trabalhando nos tempos de Jesus. Lado a lado, os dois animais uniam suas forças para realizar a tarefa determinada pelo lavrador. Com um espaço confortável entre eles determinado pela carga, eles seguiam, cada um no seu trilho, sem atropelar um ao outro ou distanciar-se demais. Um dos bois liderava sob o toque de seu tratador.
No casamento, cada cônjuge precisa estar sob o domínio do Espírito Santo (Romanos 8.14) e ser cheio de seu poder. Só assim haverá o domínio próprio e a moderação para uma boa convivência um com o outro – o homem liderando e a mulher ajudando (Gálatas 5.22,23; 2 Timóteo 1.7).
É do Espírito Santo também que vem a unidade no propósito de Deus. A declaração divina que o casal, ao casar-se, torna-se uma só pessoa (ou carne – Gênesis 2.24) é vinculada ao Deus triuno. Existindo eternamente em três pessoas – Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo – a Trindade vive numa sintonia tão perfeita que, em essência, as três pessoas são um só Deus (Efésios 4.6).
Renovados no poder do Espírito Santo a cada dia (Efésios 5.18-20), o homem e a mulher casados crescem juntos num respeito mútuo e amor profundo, resultando daí uma vida harmoniosa no serviço de Deus.
Para que isto aconteça, Pedro, o apóstolo, aconselhou as mulheres casadas a se preocuparem em primeiro lugar com sua vida interior, a vida espiritual, e não com a beleza exterior. Dos homens ele exigiu o respeito às mulheres como o sexo mais frágil e como co-herdeiras da vida eterna – tudo para que suas orações não fossem impedidas (1 Pedro 3.3-8).
Em outra ocasião, Jesus declarou que seu jugo era suave e seu fardo leve (Mateus 11.28,29). Assim, a parceria debaixo do governo de Deus no matrimônio pode ser uma experiência muito gratificante. Além do companheirismo alegre e confortante “até que a morte os separe”, o casal evita os males tão tristes que afligem muitas famílias do mundo que tentam viver a vida sem auxílio divino.
Há constante provisão por estarem buscando em primeiro lugar o reino de Deus e Sua justiça (Mateus 6.33). O casal terá a satisfação de ver uma continuidade de talentos naturais e dons espirituais na vida dos filhos bem encaminhados. No porvir, aguarda-os o galardão por terem feito sua parte no avanço do reino de Deus na terra (2 Timóteo 4.8). Amém.
Parte II
Na Sua resposta aos fariseus acerca do divórcio, “…que o homem não separe o que Deus ajuntou”, Jesus trazia à mente dos seus ouvintes não somente a figura de uma junta de bois, mas também a de uma balança antiga no uso do verbo unir.
Com seus dois pratos ou bandejas suspensas da mesma barra transversal, a balança tem sempre sido a representação do equilíbrio. Na parceria do casamento, Deus concedeu ao homem a tarefa de liderança, mas em contraponto, deu à mulher a responsabilidade de auxiliadora idônea (Gn 2.18). Com os dois vivendo no Espírito, as virtudes produzidas pelo Espírito proporcionarão para o homem a capacidade de cumprir seu papel com amor e humildade, sem se exceder na sua autoridade, nem fraquejar. À mulher será dada a graça de respeitar a liderança de seu marido, ajudando-o sem tentar usurpar sua chefia, nem, ao contrário, anular sua própria personalidade e dons para viver a vida a dois.
Juntos, como casal e família, eles se empenharão na obra de Deus a partir do seu lar.
A balança também, segundo o dicionário “Aurélio”, tem simbolizado a prudência e a ponderação. Ao longo da vida, surgem muitas ocasiões que requerem a aplicação de discernimento e muita sabedoria para o bom êxito e a solução de problemas. Isto pode acontecer quanto ao relacionamento dos dois cônjuges, ou com os filhos, ou com a família mais extensa, ou com discípulos agregados, ou ao lidar com os que estão sendo evangelizados. Com os dois parceiros enfocados no mesmo assunto haverá um discernimento mais acertado e uma sabedoria mais ampla.
Feliz é o casal onde o homem sabe ouvir o parecer de sua esposa e a mulher valorizar o juízo do seu marido. Como Salomão disse na Antiguidade: “Melhor é serem dois que um, porque tem melhor paga do seu trabalho” (Ec 4.9). O apóstolo Paulo também referiu-se a esta participação recíproca quando disse: “No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem independente da mulher” (1 Co 11.11).
Trabalhando juntos, o casal não somente goza a bênção e provisão de Deus nas suas vidas e no seu lar, mas faz sua parte para estabelecer “o reino de Deus e sua justiça” na terra (Mt 6.33).
Por: Mary F.B. Hemmons
fonte: www.igrejaempoa.com.br