Você pode ter dificuldade para falar a linguagem do perdão de seu cônjuge. Pode ser que você não a tenha aprendido na infância. A notícia boa é que é possível aprender depois de adulto!
Eles estavam em meu gabinete quando a esposa falou:
‘Eu o perdoaria, bastaria que ele pedisse perdão’.
Ele respondeu: ‘Eu pedi’.
‘Não pediu’.
‘Falei para você que sentia muito’, disse ele.
‘Isso não é pedir perdão’, argumentou ela.
Seus pedidos de desculpas têm caído no vazio? Os pedidos de perdão de seu cônjuge chegam ao seu coração e o motivam a perdoar? Ou você está casado com alguém que raramente pede perdão?
Ainda na infância aprendemos o que significa pedir perdão. Joãozinho empurra Maria na escada e a mãe dele ensina: ‘Peça desculpas’. Ele, então, fala: ‘Desculpa’, mesmo sem achar que precisava ser desculpado. Já adulto, o conceito dele sobre perdão será, provavelmente, dizer: ‘desculpa’. No entanto, Julie, esposa dele, aprendeu a dizer: ‘Eu estava errada. Você pode me perdoar?’. Para ela, é isso que significa pedir perdão. Assim, quando o marido fala o que está acostumado a dizer, ela não entende como um pedido de perdão. Talvez ele tenha sido sincero, mas a sinceridade dele não a atingiu. Depois de dois anos de pesquisa, eu e a Dra. Jennifer Thomas descobrimos que as pessoas têm linguagens diferentes para pedir perdão. Alguém pode ser sincero no pedido e, mesmo assim, não ser entendido como sincero, porque usou a linguagem errada. Descobrimos cinco linguagens diferentes para pedir perdão.
• Expressando arrependimento: ‘Sinto muito’. ‘Sinto-me péssimo porque o que fiz lhe magoou tanto’. Essa linguagem se identifica com as emoções da parte ofendida.
• Aceitando a responsabilidade: ‘Eu estava errado. Identifique seu erro e reconheça sua culpa. Eu não devia ter feito isso. Não há desculpa. O que fiz foi muito errado’.
• Fazendo a restituição: ‘O que posso fazer para compensar meu erro? Como posso recompensá-lo? O que preciso fazer para você voltar a confiar em mim?’
• Arrependimento genuíno: ‘Vou tentar não fazer isso de novo’. O arrependimento não inclui promessas radicais como: ‘Prometo que, se você me perdoar, nunca mais vou fazer isso’. Entretanto, o arrependimento expressa o desejo de mudar o comportamento. ‘Não quero que isso continue acontecendo. Ajude-me a pensar em formas de mudar meu modo de agir’.
• Pedindo perdão: ‘Você pode, por favor, me perdoar?’ Esta linguagem expressa humildade. ‘Sei que não consigo restaurar sozinho nosso relacionamento. Vamos precisar que você seja misericordioso, mas meu desejo sincero é que você me perdoe e que nós possamos prosseguir com nosso relacionamento’.
Analisando a maioria dos pedidos de perdão, percebe-se que quem fala usa apenas uma ou duas das linguagens do perdão. Caso não forem as mesmas usadas pela pessoa ofendida, o pedido soará vazio. Ela pode decidir perdoar, mas continuará com dúvidas quanto à sua sinceridade. Ser sincero não é suficiente.
Para descobrir a linguagem que seu cônjuge mais usa, pergunte: ‘Quando você pede a alguém, o que costuma dizer ou fazer? E quando alguém pede perdão a você, o que você gosta que a pessoa diga ou faça?’.
As respostas a essas duas perguntas provavelmente revelarão a linguagem que ele costuma usar.
Um marido contou: ‘Eu e minha esposa usamos linguagens diferentes. Eu expresso arrependimento. E basta que ela diga que está arrependida e que se sente mal por ter me magoado. Só preciso ouvir isso para ficar pronto para perdoar. Mas não é isso que minha esposa deseja ouvir em um pedido de perdão. Ela quer que eu me mostre disposto a fazer a restituição. Para ela, quando digo: ‘Como posso lhe compensar pelo que fiz?’ é que realmente pedi perdão. Dizer ‘sinto muito’ não é suficiente para ela. Aprender a falar a linguagem do perdão que ela utiliza fez com que o nosso relacionamento melhorasse muito’.
Algumas advertências
Advertência: Você pode ter dificuldade para falar a linguagem do perdão de seu cônjuge. Pode ser que você não a tenha aprendido na infância. A notícia boa é que é possível aprender depois de adulto! Aprender a falar a linguagem do perdão que seu cônjuge utiliza é um tempo bem investido. As barreiras emocionais serão removidas com mais rapidez e de forma mais profunda.
Advertência: Remova, dos pedidos de perdão, a palavra ‘mas’. Dizer ‘Sinto muito, mas se você não tivesse… eu não teria…’ é negar o pedido de perdão. Você acaba jogando sobre o outro a culpa pelo seu comportamento errado. Agora, precisa pedir perdão de novo.
Uma senhora me perguntou: ‘Faz 42 anos que peço perdão a meu marido com a linguagem errada. Você acha que devo mudar agora?’.
‘Nunca é tarde demais para fazer o que é certo’, sugeri.
Um mês depois ela me contou: ‘Comecei a pedir perdão na linguagem que ele utiliza e posso dizer que faz diferença mesmo. Ele tem sorrido mais, e sinto-me mais próxima dele’.
‘Valeu a pena se esforçar para aprender a falar uma nova linguagem do perdão?’, perguntei.
‘Com certeza’, disse ela.
Nunca é tarde demais para aprender.
Eu gostaria que todos os casais tivessem essa mesma atitude.
Gary Chapman, Ph.D., é casado há mais de 45 anos com Karolyn. “Doctor Love” (ou Doutor Amor, como é conhecido nos EUA) já escreveu mais de 15 livros, sendo a grande maioria sobre relacionamento afetivo, o que faz de Chapman um dos maiores autores do mundo no gênero. Seu livro mais conhecido é As cinco linguagens do amor.
Fonte: Cristianismo Hoje