I. Com esta regra se fecha completamente a porta, à hipocrisia e a todas as astúcias e sofismas que os homens inventam para mentir a Deus. Promete o Senhor que estará próximo de todos os que O invocarem sinceramente (ou em verdade), e diz que o acharão àqueles que de coração O buscarem. (Sal. 145:18 Jo 9:31).
II. Não atentam para isso os que se contentam com sua impureza.
III. Assim, pois, a legítima oração requer penitência.
IV. Daqui, (vemos) aquilo que tão freqüentemente (é encontrado) nas Escrituras: Que Deus não ouve aos maus; que suas orações são abomináveis, como também (o são) seus sacrifícios, porque é justo que achem fechados os ouvidos de Deus os que fecham os seus corações e os que com sua dureza e obstinação provocam o rigor de Deus, o sintam inexorável (= que não se move a rogos).
V. Deus, pelo profeta Isaías os ameaça desta maneira: (…) Quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue… E clamarão a mim, e eu não os ouvirei (Jr. 11:7-8.11) porque Ele considera como mui grave injúria que os ímpios, que durante toda a sua vida mancham Seu nome sacrossanto, se gloriem de ser um dos Seus. Por conta disso, se queixa por Isaías, dizendo que os judeus se aproximam Dele com a boca e com seus lábios lhe honram, mas seus corações estão longe Dele. (Is. 29:13).
VI. O Senhor não limita isto somente às orações, mas afirma que aborrece todo fingimento em qualquer parte de seu culto e serviço. A isto se refere o que diz São Tiago: Pedi e não recebeis, porque pedis mal, para gastar em vossos deleites. ” ( Tiago 4:3). É verdade (…) que as orações dos fiéis não se apóiam em sua dignidade pessoal; não obstante não é sem razão o aviso de São João: Qualquer coisa que pedirmos a receberemos Dele, porque guardamos seus mandamentos. ”( 1 Jo 3:22), já que a má consciência nos fecha a porta. Donde se segue que nem oram bem, nem são ouvidos, exceto os que com coração limpo servem a Deus.
VII. Portanto, todo o que se dispõe a orar que se arrependa de seus pecados e se revista da pessoa e afeto de um pobre que anda de porta em porta, o qual ninguém poderá fazer sem penitência.
Fonte: Institutas, Livro III capítulo XX parte VII
Traduzido e adaptado por Marcos Siqueira.